Novembro 2003
   

Entrevista com Alexandre Duarte sobre a Olimpíada de Programação da ACM

Os grupos da UFCG tiveram um ótimo desempenho na Olimpíada de Programação da ACM deste ano. Veja a entrevista com Alexandre Duarte, que treinou a galera, e saiba mais sobre as olimpíadas

Confira também a entrevista com a prof. Patricia Machado, sobre o sucesso da realização do WMF no DSC

 

Nos dias 7 e 8 de novembro ocorreu a Olimpíada de Programação da ACM, etapa sul-americana (http://maratona.ime.usp.br/). Este ano, tivemos três times que representaram o DSC/UFCG. Obtivemos a décima primeira, a décima terceira e a décima oitava colocações entre os 120 participantes no Brasil .
Alexandre Duarte foi o técnico dos times e quem se habilitou a treiná-los, junto com o professor Dalton, para estas olimpíadas.

PETNews – Quando você começou a se interessar por olimpíadas da programação?

Alexandre – Eu não lembro exatamente o ano, mas foi desde a primeira Olimpíada de Programação do DSC. Acho que foi em 99. No caso era a segunda Olimpíada de Programação, a primeira tinha sido a muito tempo atrás, na época que Fubica era da graduação, mas aí eu acho que em 99 o pessoal retornou esta prática aqui e eu comecei a participar desde essa época, juntamente com o pessoal daqui, Osório quem também participou nessa época comigo.

PETNews - O que você achou do desempenho do pessoal nessa olimpíada? Estava sendo esperada essa colocação?

Alexandre – Não, não estava, foi muito bom o desempenho, foi o melhor que a gente já fez até agora. Nossos três times ficaram entre os vinte primeiros e eu acho que na média das universidades a UFCG ficou em primeiro lugar. Você pegar, por exemplo, que muitas universidades levaram três times, mas nenhuma delas ficou com os três times entre os vinte primeiros. Foi o que a gente conseguiu, um em décimo primeiro, um em décimo terceiro e um em décimo oitavo.

PETNews - Vários alunos que foram nessa olimpíada já foram a outras e também já estão terminando o curso, ou já terminaram. Há planos de se treinar gente nova? Como será feita a escolha?

Alexandre – A gente começou ontem (18/11/2003) o treinamento para a próxima olimpíada, no caso com o professor Dalton, criamos uma disciplina optativa no DSC que é Algoritmos Avançados. Temos vinte alunos matriculados que abrangem todos os períodos do curso, tem gente desde do segundo período até quem vai se formar agora. A seleção para essa turma foi baseada em indicação dos professores. O pessoal indicou quem achava que tinha aptidão para esse tipo de coisa. Esse treinamento começou ontem e vai ser feito até a próxima maratona em novembro do próximo ano. E além disso a gente vai também realizar concursos periódicos, a cada mês mais ou menos, para selecionar mais gente que queira participar e não está matriculado hoje. No caso vamos ter times aí para mais uns três anos só com essa turma, eu acho.

PETNews – A partir dessa disciplina como é que vai passar a ser feita a escolha para ir para a olimpíada da ACM? Antes a escolha era feita pela classificação na olimpíada local, ainda vai ser assim?

Alexandre – Ainda vai ser assim. A participação na turma não indica que o pessoal que está lá vai representar a universidade. É um treinamento pra que eles consigam tirar boas colocações na seleção interna e por isso venham a participar. Mas uma pessoa que não está na turma, que se der bem na olimpíada interna pode vir a representar a universidade.

PETNews – Aí eles vão passar, a partir daquele momento, a assistir aulas com a turma para poder se preparar…

Alexandre – Exatamente. Pra poder pegar o trabalho em equipe, que a olimpíada é em equipe.

PETNews – Qual seria o perfil de um aluno que participa de olimpíadas?

Alexandre – Primeiro o cara tem que ser doido por programação, tem que programar de manhã, de tarde e de noite e nas horas vagas também. Depois ele tem que ter interesse em aprender muita coisa só, que a maioria das técnicas que você usa nas olimpíadas, você vê uma noção na universidade mas você precisa aprofundar muito e ver muitas aplicações para conseguir resolver, logo, oito problemas em cinco horas. Não é uma coisa que você sabe como é e vai consultar em um livro para fazer. Você tem que ter na cabeça aquilo, na memória cache, não pode ser no disco rígido.

PETNews - Quais os assuntos mais abordados nas questões das olimpíadas?

Alexandre – Varia muito. Geralmente os problemas das olimpíadas tentam refletir uma situação do cotidiano. O cara quer fazer uma seleção de pessoas que vão entrar em um restaurante ou que vão sair, uma busca de caminho mínimo para chegar de uma cidade a outra. Sempre são problemas que tem relação com a realidade e que podem ser solucionados com uma das técnicas de programação como pesquisas em grafos, programação dinâmica. Acho que esses dois são os principais, o que mais cai é sempre pesquisas em grafos e programação dinâmica.

PETNews - Que dica você daria para quem quer participar de uma olimpíada?

Alexandre – Faça o treinamento, a melhor dica é essa, participe dos treinamentos ou como ouvinte ou como aluno matriculado que a tendência é você se dar bem.

PETNews – Qualquer pessoa pode participar como ouvinte?

Alexandre – Acho que não tem problema nenhum participar como ouvinte.

PETNews – Porque a pessoa pode, talvez, não ter a indicação.

Alexandre – É, matriculado a gente tem vinte pessoas, mas como ouvintes… É porque a gente não vai ter aula expositiva para essa disciplina, o pessoal vai estudar sozinho. Ocasionalmente a gente vai se reunir para discutir algum assunto de interesse de todo mundo, mas não vai ter toda semana aula não. Vão ser passados problemas para eles resolverem em casa e vão ter os simulados mensais.

PETNews – Agora quais seriam as considerações finais que você gostaria de fazer sobre as olimpíadas e para a galera da graduação.

Alexandre – Eu acho que é uma oportunidade que todo mundo devia ter de poder participar de uma olimpíada como essa. Além de ser enriquecedor para o currículo, você conhece pessoas novas, você tem oportunidade de viajar para outras universidades e conhecer outros ambientes, professores de outras universidades. Você também enriquece seu conhecimento, a partir do estudo mais avançado de outras técnicas de programação que você talvez não visse na graduação se você não participasse de uma coisa desse tipo. Além disso você tem a oportunidade de conseguir ir para a olimpíada mundial que, por si só, vai te garantir um emprego na IBM ou na Microsolt e em qualquer uma dessas empresas que patrocinam o concurso. Não vai ter nada de prejudicial, tudo que você vai conseguir vai ser bom, não vai ter nenhuma contra-indicação a não ser que você fique viciado em programar.

PETNews – Bem, obrigada pela entrevista.

Por Renata França de Pontes
 
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