Elloá Guedes
Por Elloá Guedes
(elloaguedes@gmail.com)
Meus dez anos de estada em Campina Grande vão ser sempre marcantes, guardo muitas memórias agradáveis.

Entrei no curso de Ciência da Computação na UFCG em 2005, após muitas dúvidas sobre seguir essa carreira ou ir para a área de Física, a qual eu gostava muito no ensino médio. Acabei decidindo por Computação por já conhecer um pouco de Programação e pela possibilidade de trabalhar com muitas novidades tecnológicas.

O curso da UFCG começava a despontar na mídia e algumas conquistas importantes começavam a se destacar. Ao entrar no curso comecei a ter ideia das muitas possibilidades de carreira que estavam à disposição nessa área, que não era simplesmente só programar. Fui recebida pelos Guardians e Petianos da época, dos quais tenho amigos até hoje. A primeira ida ao LCC foi inesquecível, recebi o login do laboratório e mal sabia quanto tempo ia ficar ali com os colegas pelos próximos anos. Fui aluna dos profs. Camilo, Joseana e Joseluce ainda no primeiro período.

A graduação foi um período muito ativo pra mim. Ingressei no PET em Março de 2006 e comecei na iniciação científica neste mesmo período. Trabalhei com a Profa. Joseana desenvolvendo projetos de Tecnologia Assistiva para pessoas com necessidades especiais e depois trabalhei com o Prof. Bernardo Lula com Criptografia. A partir desse projeto pude conhecer a Computação Quântica, área de pesquisa que segui da Graduação até o Doutorado.

Tive oportunidade de trabalhar com projetos diversos ao longo do curso, incluindo desenvolvimento de software, processamento digital de imagens, inteligência artifical, Teoria da Computação, dentre outros. Fui monitora voluntária e também participei do PIBIC no sétimo período, do qual resultou um livro sobre autômatos finitos. A partir do quinto período passei a integrar o IQuanta, o Instituto de Estudos em Computação e Informação Quânticas, o qual faço parte até hoje. Também participei de projetos de extensão diversos, como ministrar informática básica para comunidades carentes, organizar olimpíadas de informática, receber os calouros do curso, dentre outros.

Duas experiências marcantes para mim nesse período foram a organização do 2o. Workshop- Escola de Computação e Informação Quânticas, no qual pude conhecer diversos pesquisadores e trabalhos nesta área, e a minha participação no Programa de Verão do Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis-RJ, onde pude conhecer várias áreas da Computação Científica. Voltei com o interesse de pesquisar mais a respeito e já pensando em seguir carreira na Pós-Graduação. Nessa época conheci o Prof. Francisco Marcos da Engenharia Elétrica, que veio a ser meu orientador no mestrado, juntamente com o Prof. Bernardo, e também no doutorado.

A essa altura o curso de Computação tinha crescido bastante, já éramos reconhecidos como cinco estrelas no Guia do Estudante e, logo depois, veio o conceito mais alto no ENADE. O mercado nessa área tinha crescido bastante e as incertezas de continuar nessa área eram mínimas. Digamos que "estava bombando"! Vi que não gostava muito da possibilidade de seguir uma carreira em programação, mas que a parte teórica da Computação era apaixonante. Decidi então ingressar no mestrado.

Descobrir que trilhar por uma área teórica seria minha praia não foi um caminho fácil. Em várias universidades esse é um grupo pequeno e que exige muita dedicação além das horas normais de estudo. Não há tanto apelo e a fundamentação teórica é extensa, demora bem mais do que as outras áreas. Porém, desde os primeiros contatos com a quântica fiquei motivada e curiosa, mas na maioria das vezes me sentia um pouco deslocada em relação aos colegas,de curso. Foi preciso um bom tempo até tudo se ajeitar e eu começar a produzir os primeiros resultados relevantes. O mais bacana é que hoje vejo que consegui unir a paixão por Computação com a Física! Nossa área permite essas junções não-triviais! A pós-graduação em Computação fazia muito o meu perfil. Gostava de analisar, entender os porquês e tinha muita curiosidade. O caminho para o doutorado foi natural, entretanto, nada fácil. Tive todas as angústias típicas dos doutorandos e as muitas noites sem sono. Persistir foi fundamental! Deu tudo certo!

Hoje sou professora universitária da Engenharia da Computação na Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas, em Manaus. Vir pra cá foi uma opção que considerei após uma visita turística e uma vaga oportuna em concurso público para Teoria da Computação. A universidade é muito nova, apenas doze anos, mas os colegas são dedicados e há muito o que fazer. Já tenho meus primeiros orientandos e sinto que posso contribuir bastante com a bagagem que trago de Campina Grande. Vale dizer que Manaus tem muito a me acrescentar também, pois o Pólo Industrial movimenta bastante esta cidade e faz parceiras interessantes entre mercado e academia.

Meus dez anos de estrada em Campina Grande vão ser sempre marcantes, guardo muitas memórias agradáveis. Além da formação profissional, fiz amigos para toda a vida, não dá nem para listar. Apenas gostaria de poder visitar todos com mais frequência, mas a distância é bem grande! Alguns amigos já ganharam o mundo, o que dificulta também. Apesar disso, a tecnologia continua nos unindo. Vamos matando a saudade pela rede!

Para os graduandos que estiverem lendo este texto e que tenham muitas dúvidas sobre qual caminho seguir, meu conselho é para persistirem e para aproveitarem o tempo fora da sala de aula. A computação é uma área incrível, cheia de novidades todos os dias, com muitos desafios e possibilidades! Para a galera de Computação da UFCG, em especial, peço que façam a parte de vocês e confiem, vocês estão em ótimas mãos!!!

Agradeço a petiana Letícia Teixeira pelo convite, aos demais petianos e a tutora Lívia Sampaio!


Jornal PETNews - Edição: Julie Pessoa- Revisão: Lívia Sampaio e Gleyser Guimarães
Grupo PET Computação UFCG, 2013. All rights reserved.