Uelber Dantas
Por Uelber Dantas
(uelber.dantas@gmail.com )
"ainda me lembro do momento e local exatos em que o "Cupido Digital" me flechou..."

Ah! Que surpresa e satisfação poder contribuir com esta coluna! Não tenho a mínima idéia de como vocês me encontraram, mas como a oportunidade me foi dada, vou tentar resgatar minha passagem pelo DSC, evidenciar sua importância em minha carreira, mas também compartilhar alguns dos sonhos, desafios e conquistas que têm mantido viva essa grande paixão que é ser, orgulhosamente, um "garoto de programas".


Uau! Vinte anos! Só agora que parei para escrever é que estou me dando conta que no segundo semestre de 2014 estarei completando 20 anos que iniciei minha jornada em Campina Grande na companhia de uma turma bem especial, auto intitulada de "Dream Team". Pretensões à parte, que time de talentos: os professores Franklin e Lívia estão aí como prova, CQD (Como Queríamos Demonstrar)!


No entanto, meu "caso" com a Computação é mais antigo, ainda me lembro do momento e local exatos em que o "Cupido Digital" me flechou. Aracaju, avenida Barão de Maruim, 1o trimestre de 1987, por volta das 9 da manhã, a caminho da Cultura Inglesa. Resolvo mudar de calçada para ver a vitrine de uma loja nova com um nome que me chamou à atenção: "não sei o que" data, Digidata talvez, que seja. Foi ali que me deparei com aquela "caixa enigmática" ao vivo pela primeira vez, tratava-se de um "TK 95 Color Computer", que tinha uma CPU de 3.58 MHz, 48 Kbyte de RAM e 16 Kbyte de ROM.


Acho que foram aqueles botões azuis e as outras teclas recheadas de símbolos diferentes e palavras que não faziam o menor sentido (você terá que "Google it" para entender...) que despertaram uma curiosidade enorme de desvendar, e vontade instigante de controlar aquela máquina de datilografar "paperless" que algumas matérias da mídia já especulavam que iria mudar o mundo. E mudou, pelo menos o meu. Pouco depois, mas com muita insistência, ganhei de aniversário um MSX Expert da Gradiente. Ali começava uma nova paixão que aliando-se ao voleibol definiram quem sou, o que faço e como vivo hoje. Do esporte herdei os valores do trabalho em equipe, a atitude de persistir e lutar por meus objetivos, incansavelmente. Na computação, ou melhor, programação, encontrei a fórmula perfeita para externar meu interesse e aptidão em resolver problemas comuns que possam melhorar a vida das pessoas, das empresas e da sociedade como um todo. Mas voltemos ao DSC.


Conclui o bacharelado em tempo recorde, foram 2 anos, 10 meses e um botijão de gás. Naquela época, tínhamos praticamente três "semestres" no ano para recuperar o calendário atrasado devido à greves anteriores. Mas o catalizador mesmo foi o pedido de dispensa de todos os créditos que pude dos 3 anos cursados na Engenharia Civil. No entanto, tive que utilizar de todos os argumentos para convencer ao coordenador do curso de plantão a aceitar aquelas notas baixas, fruto do desestímulo pela Engenharia. Foi uma tarefa difícil, mas aquele que carinhosamente me chamava de "fera burro" e que mais tarde se tornaria um grande amigo, incentivador e confidente, o saudoso Camilo de Lelis, acabou por acreditar e apostar comigo na estratégia que tinha traçado antes de chegar em Campina. E parece que deu certo.


Terminei o curso com 82% de aproveitamento na disciplinas de computação, inclusive obtendo média máxima em LP1, com o próprio professor Camilo. Por ter um calendário mais flexível e bom histórico nas disciplinas de programação, fui monitor concursado e voluntário de LP2 (Linguagem C) e Estrutura de Dados quando servi aos estimados Cláudio Baptista e Jorge de Abrantes que tantas outras portas abriram para mim.


Trabalhei ainda com Bernardo Lula e Marcus Sampaio em projetos de Iniciação Científica, mas confesso que não consegui me identificar com a pesquisa científica e corresponder ao excelente tratamento recebido de meus orientadores. Meu entusiasmo era sem dúvidas no desenho e codificação de sistemas robustos, aliás continua sendo. Fui adotado por Fubica no último semestre, quando me proporcionou o estágio supervisionado no LSD onde aprendi a montar, configurar e administrar redes de computadores. Adotado porque não tinha pretensões de trabalhar na área de redes, mas a escassez de estágios na área de desenvolvimento em Campina era tamanha que tive que "caçar com gato" naquele semestre. Por aquele diploma, que era a realização de um sonho, TUDO!


Independentemente de querer me tornar um administrador ou não, o fato é que o investimento, de Fubica, frutificou. Pouco mais de 6 meses de formado, lá estava eu administrando as redes do POP da RNP de Pernambuco. E mais, numa missão de urgência, fui enviado à Palmas para reestabelecer todos os serviços do POP daquele estado após um ataque de "hackers" vindo do leste europeu.


A passagem pela RNP foi providencial para me levar para Recife e propositalmente curta, pois tinha que voltar a perseguir meus objetivos de longo prazo: acumular bagagem profissional como desenvolvedor, CASAR, e zarpar por esse mundão afora em busca de novas realizações.


E assim foi feito, nos próximos três anos e meio trabalhei e aprendi muito na unidade bancária da PROCENGE em Recife; me dividi entre dois outros trabalhos freelance; CASAMOS e em Março de 2002 estávamos desembarcando no Canadá com todos os sonhos e desafios comuns que qualquer casal de imigrante permanente traz no matulão. Aqui, estabelecemos a família e permanecemos até hoje.


Nos últimos 12 anos, trabalhei para várias empresas de consultoria de TI na construção e manutenção de diversos sistemas de informação, em sua maioria para agências governamentais. Me envolvi mais especificamente com arquitetura de solução, modelagem de dados, desenho, codificação, gerência de configuração e liderança técnica. Recentemente, tive uma passagem relâmpago, mas riquíssima, num mestrado profissional de engenharia de software oferecido em parceria pela Carnegie Mellon University e a Universidade de Coimbra, uma espécie de "MBA de Harvard" mas para nossa área. No mestrado, apreendi em detalhe e vivenciei intensamente, vários dos fatores que alimentam a triste estatística dos projetos de desenvolvimento de software, onde mais de 70% destes, falham.


Apesar de ter voltado precocemente ao Canadá por razões diversas, senti ainda em Coimbra aquela mesma sensação perturbadora outrora vivida em Aracaju de querer desbravar e controlar o desconhecido.


E por isso, que desde então meu entusiasmo e determinação estão investidos no estabelecimento definitivo da One Logic Solutions. Uma empresa jovem, Paraibana-Canadense, energética e comprometida em encontrar o melhor equilíbrio na tríade: Pessoas, Tecnologia e Processos para que nossos clientes não façam parte daqueles números infames.


Estamos apenas começando nossa jornada. Em 2034, a gente conversa novamente. :-)

Grande abraço à todos do DSC.

Uelber Dantas

ca.linkedin.com/in/uelberdantas


Jornal PETNews - Edição: Rafael Rêgo e Abner Araújo- Revisão: Lívia Sampaio e Gleyser Guimarães
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