A origem dos sistemas operacionais: GNU/Linux
Por Igor Natanael
(igor.atadide@ccc.ufcg.edu.br)
Tendo seu início em 1991 e hoje alcançando de forma progressiva inúmeros usuários em todo o mundo, nessa edição abordaremos um pouco sobre a origem e os criadores de um dos sistemas operacionais mais utilizados na atualidade: Linux.

O Sistema Operacional GNU/Linux teve seu núcleo, chamado kernel, desenvolvido no ano de 1991, pelo finlandês Linus Torvalds, pesquisador do departamento de Ciência da Computação da Helsingin Yliopisto (Universidade de Helsinque, Finlândia). O kernel é o componente central da maioria dos SO’s, sendo ele responsável pela comunicação entre as aplicações e o processamento de dados feito no hardware, ou seja, a camada mais baixa do SO.


Popularmente conhecido apenas como Linux, o GNU/Linux surge, principalmente, como reflexo do movimento do software livre, que ganhou força em 1984 com a criação do projeto GNU (que além do significado literal do mamífero Gnu, é um Acrônimo recursivo de: GNU is Not Unix, em português: GNU Não é Unix). O movimento tornou-se ainda mais popular no ano de 1985 com a criação da primeira versão da GPL (General Public License), escrita por outro mito do universo Linux, Richard Stallman.


Inicialmente, o Linux era um projeto pessoal do Linus, que tinha por objetivo emular um terminal para acessar grandes servidores UNIX da universidade onde estudava. O interesse surge a partir da dificuldade encontrada pelo mesmo ao utilizar esse sistema, especialmente quanto ao uso do terminal para conexão. O desenvolvimento foi feito em MINIX (um sistema Unix projetado para uso acadêmico) e utilizando o GNU C Compiler (que até hoje ainda é o mais utilizado para compilar o Linux). O programa de emulação superou suas expectativas, o que o estimulou a prosseguir em tentar suprir as carências encontradas no MINIX. Foi então, no dia 25 de agosto de 1991, que ele anunciou esse sistema em um post no newsgroup "comp.os.minix." da Usenet:


Mensagem enviada por Linus para o fórum no newsgroup.


Nesse momento, estudantes do mundo inteiro que partilhavam do espírito do software livre, aquecidos ainda pelo projeto GNU, se interessaram em ajudar o projeto de Linus, que recebeu inúmeros feedbacks desses estudantes. Neste mesmo período, o GNU já possuía vários aplicativos úteis para programadores e estudantes, todavia, ainda não havia desenvolvido ou encontrado um núcleo (kernel) que satisfizesse suas necessidades. Foi então que Linus liberou sua primeira versão: Linux 0.01.


Terminal da primeira versão do Linux (0.01)


A primeira versão do Linux foi duramente criticada, até mesmo por gigantes da história da computação como o holandês Andrew Stuart Tanenbaum, que chegou a afirmar que se Linus fosse seu aluno, ele sequer tiraria uma boa nota pelo trabalho por, segundo ele, ser um sistema mal arquitetado.


Entretanto, no decorrer do tempo Linus continuou a trabalhar e agora com o auxílio de muitos colaboradores que se interessaram pelo seu projeto. Foi então que o projeto do Linux passou a ser licenciado pela GPL para garantir a liberdade de sua cópia, estudo e alteração, e ainda de diversas ferramentas do General Public License (GNU), até o próprio sistema do Stallman. A partir de então, algumas empresas despertaram interesse pelo sistema, que agora possuía uma interface gráfica, e começaram a compilar versões de seus programas para o Linux (com objetivo comercial), o que não impediu que programadores adeptos ainda do movimento do software livre continuassem suas distribuições gratuitas para o sistema. Nessa fase o Linux começa seu processo de ascensão e consolidação no universo da informática.


Linus havia pensado em colocar o nome do projeto de Linux, mas como era um projeto bem coletivo, acreditou ser muito egocentrismo assim fazer, então passou achamar seu projeto de Freax, uma fusão entre os nomes "freak" (que em português quer dizer aberração, anomalia, "algo louco", etc.) e o "x" fazendo alusão ao sistema Unix. Todavia, Ari Lemmke, um dos administradores voluntários do servidor FTP naquela época e colega de trabalho de Linus, não achou que Freax seria um bom nome e denominou o sistema de Linux, sem o conhecimento do próprio Linus, que depois consentiu com a decisão do nome. Mas, como já fora citado no início do texto, o nome oficial do sistema é GNU/Linux, pois o Linux se trata do núcleo do sistema GNU.


O sistema criado por Linus ainda possui outra marca única: seu mascote, o pinguim gorducho Tux. Ele foi criado em 1996 por Larry Ewing. Existe uma ambiguidade em seu nome. Alguns alegam que ele vem do Torvalds Unix, para outros há claramente a relação entre o nome e o fato do pinguim aparentemente usar um Smoking.


Tux, o famoso mascote do Linux


A última versão estável do kernel Linux é a 3.15.6. Todas as versões do kernel podem ser acessadas aqui. Alguns dados apontam que, possivelmente, hoje existam cerca de 30 milhões de usuários do Linux. Além do mais, há progressão no desenvolvimento de adesão dos softwares livres, enquanto o software proprietário cai ano após ano. O Linux tem o papel importantíssimo historicamente, e ainda na atualidade, no movimento do software livre e no corporativismo entre desenvolvedores. Uma característica extraordinária do Linux é que a cada inovação de hardware, sempre existem programadores interessados e aplicados em compatibilizar o Linux e suas aplicações às mesmas e, em grande parte, de forma livre, aberta e gratuita.


Nos próximos meses estaremos dando continuidade a essa série sobre os sistemas operacionais. Caso vocês tenham sugestões, preferência ou curiosidade sobre a história de algum SO, mande sua sugestão para . Participe e contribua com a disseminação do conhecimento!


Fonte: linux.org, techradar, techmundo


Jornal PETNews - Edição: Rafael Rêgo e Julie Pessoa- Revisão: Lívia Sampaio e Gleyser Guimarães
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