Coluna do Egresso por Raquel Lopes
Por Raquel Vigolvino Lopes
(raquel@computacao.ufcg.edu.br)
A Professora Raquel conta um pouco das suas experiências durante e depois da graduação na UFCG.

Estou aqui no DSC desde 1996, quando entrei na graduação. Muito tempo!! Muitos professores foram muito importantes para mim, mas peço licença para aproveitar essa coluna pra contar um pouco da minha história até aqui e de como alguns professores contribuíram muito fortemente para eu ser hoje a Professora Raquel.

Eu resolvi que ia fazer o vestibular para estudar Ciência da Computação meio que na doida. Eu queria mesmo ser médica, mas tinha medo de sangue, aí resolvi ser arquiteta, mas meu pai disse que eu não tinha 18 anos e não permitia que eu morasse sozinha fora da cidade. Então um belo dia li que o pessoal de arquitetura estava migrando para Ciência da Computação, porque agora os programas de computação gráfica que iam substituir os arquitetos. Não sei de onde o pessoal da Folha1 tirou essa ideia, mas foi por conta dela que resolvi cursar Ciência da Computação. Na primeira aula Jorge, que era o professor de IC na época, perguntou por que estávamos ali, e eu respondi exatamente isso: li que o curso de arquitetura vai morrer e o que vai substituir é Ciência da Computação. Imagino hoje a risada interna que ele deu. Na aula de programação Fátima Camelo dizia que se eu quisesse imprimir na tela “Alô mamãe” podíamos usar printf2, mas não podíamos esquecer do ponto e vírgula no fim. Imediatamente virei para Aguinaldo, que era outro aluno e estava sentado do meu lado, e disse: mas não é melhor ligar pra ela e falar do que imprimir na tela?

Enfim, caí aqui de paraquedas, sem nenhuma ideia do que encontrar. Durante os três primeiros semestres da graduação pensei em desistir várias vezes do curso. O primeiro impacto muito positivo que me fez frear o desejo de desistir foi estudar Estrutura de Dados com o professor Giuseppe Mongiovi, no terceiro semestre de graduação. Na sua simplicidade, sabedoria, inteligência e didática, ofereceu um dos cursos mais difíceis e desafiadores até então, me empolguei, ele me abriu os olhos para o que é de verdade programação, design e eu amei. Foi massa! Aí logo em seguida entrei no PET, período que coincidiu com a volta do prof. Jacques de um período de licença, que foi então designado para ser o tutor do PET. Cada minuto com Jacques era de aprendizagem em todos os aspectos, não só técnica, mas aprendizagem para a vida. Daí pra frente eu esqueci esse negócio de desistir do curso e aprendi a amar algumas áreas, e a odiar outras, como deve ser normal. Foi então, no quinto período da graduação que eu resolvi: quero ser igual a Jacques. Então vou estudar pra ser professora, foi o que pensei. E assim o fiz.

Uma das áreas que eu aprendi a amar foi a área de Redes de Computadores. Por indicação de Jacques, Peter me convidou pra trabalhar no PoP com ele. Passei mais de dois anos lá, onde aprendi, com Peter, basicamente tudo que eu sei hoje de Redes de Computadores. Foram dois anos maravilhosos, prof. Peter não media esforços para que eu aprendesse tudo, aprendesse a raciocinar para resolver problemas de rede. Ele confiou em mim, eu me esforcei, e foi um período de aprendizagem maravilhoso, não tenho nem palavras para agradecer a ele tudo que ele me ensinou3. Por conta disso, no meu mestrado, eu, Peter e Jacques escrevemos um livro com dicas práticas para quem gerencia redes de computadores, acho que o livro ajudou muita gente pelo Brasil, tenho muita satisfação disso. Tinha dia que era muito difícil, até que aprendi (com o auxílio de Jacques) que aprender dói um pouco. Nada vem de graça. Esse negócio de “no pain, no gain” não serve só pra musculação não.

Depois do mestrado, já que eu queria ser professora, teria que fazer doutorado. Aí eu fiz! Tive mais uma vez a grande sorte de ter as pessoas certas, na hora certa em minha vida. Foi nessa época que entrei no LSD, sob a orientação de Walfredo e de Fubica. E aqui fiquei até hoje. Essas duas criaturas especialíssimas, assim como as que já citei antes, tiveram paciência para me formar doutora. Foi um árduo caminho. Um dia encontrei um bug em um experimento, botei logo pra chorar, e Walfredo disse: aproveite esse dia negro pra crescer e aprender... Mais uma vez constatei: aprender dói. E até hoje, quando tenho uma tarefa muito árdua pela frente, que “dói”, acabo me alegrando internamente, porque sei que ali estou crescendo. Walfredo me abandonou no meio do doutorado e aí Fubica me adotou. Foi com ele que aprendi que as vezes a gente passa uma tarde inteira para escrever um parágrafo de um artigo, porque cada palavra, cada verbo, tem que ser muito bem escolhido. Foi com ele que aprendi a fazer pesquisa, generalizar, pensar analiticamente. Na verdade, Fubica acabou me adotando até hoje, porque depois que entrei no corpo docente foi ele quem me abriu todas as portas pelas quais entrei e quando eu tenho um problema e não sei o que fazer, vou logo conversar com ele, que sempre tem uma palavra de sabedoria e racionalidade.

O que eu posso dizer sobre esse departamento que me acolhe há quase 20 anos e a todos esses seres maravilhosos, que dedicam suas vidas a formar profissionais com ética e qualidade? MUITO OBRIGADA!!! Ainda bem que não desisti para ser médica!

Jornal PETNews - Edição: Rafael Rêgo - Revisão: Lívia Sampaio e Gleyser Guimarães
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