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              literatura de cordel chegou ao Brasil trazida por lusitanos por 
              volta de 1940/50. Destacou-se no interior do nordeste brasileiro 
              (Bahia, Ceará, Pernambuco), principalmente pela dificuldade 
              de acesso a informações provinientes dos grandes centros, 
              pois os meios de comunicação da época ainda 
              eram caros para o pessoal da região. Logo, a composição 
              de poetas populares, pouco letrados (grande parte dos autores de 
              cordel eram semi-analfabetos, que aprenderam a ler lendo cordéis), 
              passa a ser atração esperada pelos povoados interioranos, 
              pois sempre que apareciam traziam, além de notícias, 
              diversão e descontração para as pessoas.  Os 
              versos são feitos pelo poeta trovador e em seguida cantado 
              pelo repentista, geralmente acompanhado por sua viola. Os versos 
              são, na maioria das vezes, disponibilizados em forma de folhetos 
              impressos, os chamados cordéis, assim referenciados pelo 
              fato de serem expostos pendurados em barbantes/cordel.  Os 
              temas abordados nos cordéis são os mais diversos, 
              vão desde acontecimentos históricos, passando por 
              romances, enredos heróicos... podendo chegar a historinhas 
              de um sábio garoto, ou até mesmo conter frases ambíguas, 
              cheias de malícia, para que o leitor ou ouvinte possa por 
              a sua imaginação ao trabalho. 
               
                |  | "Eu 
                    fico queimando os pésQuando ouço uma pessoa
 Dizer em minha presença
 Que sogra foi ou é boa
 Porque me traz à lembrança
 A mãe da minha patroa
 Que já é morta há dez anos
 E Deus a tenha por lá
 Trancada em cepo de ferra
 Que ela não volte mais cá
 Inda transformada em ouro
 Deus deixe onde ela está"
 |   
                | "É 
                    belo ver-se uma festaPela zona do sertão
 Se encontra "Jeca" em magote
 Buscando a povoação
 Às vezes serve de assombro
 Traz o cacete no ombro
 E carrega a trouxa na mão."
 "A 
                    Tetê chegou na festaE sentiu seu pé coçando
 Depois que tirou o bicho
 Sente o sapato apertando
 Diz ela: Isso é capricho,
 Pois o buraco do bicho
 Inda está me latejando"
 | 
 |   
                |  | "João 
                    Grilo foi um enteQue nasceu antes do dia
 Criou-se sem formosura
 Mas tinha sabedoria
 E morreu depois da hora
 Pelas artes que fazia."
 |  O 
              famoso cangaceiro Lampião era músico, poeta e foi 
              cordelista também, junto com seu capanga, o cangaceiro Zabelê: "Sou 
              senhor absolutoDe todo esse sertão
 Aqui quem quiser passar
 Precisa apresentar
 Licença de Lampião"
 
 Após 
              quase cem anos de existência o cordel não foi esquecido, 
              sua forma impressa - geralmente com material simples e impressão 
              de baixa qualidade, possuem capas, na maioria das vezes trazendo 
              xilogravuras, que muito chama a atenção dos possíveis 
              compradores - passou a ser souvenir para paulistas, cariocas, mineiros, 
              gaúchos em passeio por feiras nordestinas, o que faz com 
              que saibamos que um pouco da nossa história e cultura permanece 
              viva. Para 
              dar um pouco mais de espaço a essa prática, os petianos 
              estão trazendo para participar do II ENEPET o repentista 
              e cordelista Manoel Monteiro, que fará a sua apresentação 
              e posteriomente irá disponibilizar sua poesia impressa em 
              cordéis produzidos em papel reciclado pelos próprios 
              petianos. Sintam-se convidados, desde já, a participarem 
              desse evento cultural que ocorrerá dia 24 de Abril de 2003 
              no Centro de Extensão José Farias Nobrega. |