O
debate sobre as cotas retomam em todo o Brasil devido a sua aplicação
na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Na UERJ o sistema de
cotas favoreceu tantos os alunos das escolas públicas quanto
os estudantes declarados negros ou pardos.
O
ministro da educação, Cristovam Buarque afirmou que
não haverá reservas de vagas para negros nas universidades
federais, mas que a reserva de vagas para alunos da escolas públicas
será tema de debates constantes no ministério.
Na
verdade, a reserva de cotas para alunos das escolas públicas
se caracteriza uma transferência de responsabilidade do estado
para o governo federal.Ou seja, como a qualidade do ensino médio
compete ao estado, com a reserva de vagas será necessário
medidas que amenizem a discrepância do ensino público
com o privado dentro das instituições superiores o
que se torna responsabilidade do governo federal.A
decisão não é tão simples assim, já
que a reserva de vagas necessita de investimentos pedagógicos
no ensino superior que vem sofrendo desde o governo de FHC com sérios
problemas de recursos humanos e estruturais. Portanto, esta medida
tem que ser tomada juntamente com algumas reformas, principalmente
no que diz respeito a assistência estudantil, pois o grande
desafio é conseguir manter os estudantes contemplados com
a reserva de vagas com a qualidade de vida necessária para
chegar até o final da carreira acadêmica.
A
reserva de vagas para negros é tema de muita polêmica
devido a mistificação brasileira de raças.
Por exemplo, apesar de ter olhos claros e pele clara, minha bisavó
materna era um escrava que nasceu numa senzala e meu irmão
é negro. E aí, posso me considerar branca??Parda??
Ou o quê? Sem falar que o branco pobre sofre dois preconceitos
na hora de realizar o exame de seleção para entrar
na universidade, um por ser pobre e ter um ensino de péssima
qualidade e outro por ser branco.
Essa
discussão certamente precisa tomar espaço na comunidade
acadêmica da nossa instituição, pois caso a
medida de reservas de vagas para alunos das escolas públicas
seja uma política do governo federal precisaremos de uma
mudanças na metodologia de ensino e na assistência
estudantil da UFCG. |