Junho 2003
   

Cotas nas Universidades
O debate sobre a reservas de cotas nas universidades estão acontecendo em todo Brasil

      O debate sobre as cotas retomam em todo o Brasil devido a sua aplicação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Na UERJ o sistema de cotas favoreceu tantos os alunos das escolas públicas quanto os estudantes declarados negros ou pardos.

      O ministro da educação, Cristovam Buarque afirmou que não haverá reservas de vagas para negros nas universidades federais, mas que a reserva de vagas para alunos da escolas públicas será tema de debates constantes no ministério.

      Na verdade, a reserva de cotas para alunos das escolas públicas se caracteriza uma transferência de responsabilidade do estado para o governo federal.Ou seja, como a qualidade do ensino médio compete ao estado, com a reserva de vagas será necessário medidas que amenizem a discrepância do ensino público com o privado dentro das instituições superiores o que se torna responsabilidade do governo federal.A decisão não é tão simples assim, já que a reserva de vagas necessita de investimentos pedagógicos no ensino superior que vem sofrendo desde o governo de FHC com sérios problemas de recursos humanos e estruturais. Portanto, esta medida tem que ser tomada juntamente com algumas reformas, principalmente no que diz respeito a assistência estudantil, pois o grande desafio é conseguir manter os estudantes contemplados com a reserva de vagas com a qualidade de vida necessária para chegar até o final da carreira acadêmica.

      A reserva de vagas para negros é tema de muita polêmica devido a mistificação brasileira de raças. Por exemplo, apesar de ter olhos claros e pele clara, minha bisavó materna era um escrava que nasceu numa senzala e meu irmão é negro. E aí, posso me considerar branca??Parda?? Ou o quê? Sem falar que o branco pobre sofre dois preconceitos na hora de realizar o exame de seleção para entrar na universidade, um por ser pobre e ter um ensino de péssima qualidade e outro por ser branco.

      Essa discussão certamente precisa tomar espaço na comunidade acadêmica da nossa instituição, pois caso a medida de reservas de vagas para alunos das escolas públicas seja uma política do governo federal precisaremos de uma mudanças na metodologia de ensino e na assistência estudantil da UFCG.

Por Giselle Regina