Julho 2003
   

 Linux: por que não usá-lo?
Como disse o filosofo Goete uma vez, quem de três milênios não consegue dar conta de si mesmo, vive a mercê do tempo!

 

        Sei que alguma pessoa deve estar perguntando porque o título não deveria ser “Linux – por que usá-lo?”. Antes de tudo quero chamar atenção para dizer que não estou querendo impor aqui um manual sobre as diferenças entre Windows x Linux e porque você deveria agora mesmo dar um salto da janelinha para o pingüim aventurando-se em “mans” e sites que dizem o que você deve fazer para migrar o quanto antes possível para um SO baseado em Unix.

        Acho difícil alguém não saber, mas vale a penar salientar algumas noticias importantes sobre o desenvolvimento do mundo Linux e do Software Livre: a cada dia cresce a procura por especialistas em Linux e estes vem ganhando muito mais espaço entre grandes empresas. Na nossa terra tupiniquim, Unibanco e Banco do Brasil recentemente adotaram o Linux e há perspectiva de que o número de empresas que adiram ao Software Livre cresça perceptivelmente este ano, tendo como base o fato os incentivos por parte do governo federal e os investimentos de companhias de software e hardware ao redor do mundo - por exemplo, a HP.

        "O maior golpe contra a Microsoft ocorreu em maio, quando a SuSE da Alemanha ganhou um contrato da prefeitura de Munique para instalar Linux em mais de 14 mil PCs que hoje executam Windows." Sim, é apenas uma prefeitura - mas ela rejeitou as ofertas da Microsoft mesmo após os preços terem desconto de mais de 80%, segundo o site “Linux in Brazil”.

        Ah, sim! Por que não usar Linux? Tem gente que não usa Linux, ou nem se interessa por ele, por pensar que vai sempre trabalhar de graça se estiver ao lado de alguma empresa ou instituição que adote ou esteja trabalhando a filosofia de Software Livre. O primeiro engano que reside neste tipo de pensamento está relacionado ao conceito de Software Livre que não diz respeito à liberdade de preço e sim à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software segundo a sua própria vontade e interesse (para saber um pouco mais adquira o material da palestra concedida pela professora Francilene Garcia na pagina da Semana de Computação). E é neste ponto que muitas pessoas pensam que não se pode ganhar dinheiro com Software Livre.

        Será que estas pessoas nunca ouviram falar em prestação de serviço? Instalação, Configuração, Manutenção, (Suporte) destes Softwares Livres? Bolsas de Mestrado, Doutorado, entre outras, em Universidades e outras Instituições de Pesquisa, para o desenvolvimento de aplicações de interesse da comunidade científica?

        Bom, ok! Alguém ai deve estar dizendo que não quer usar Linux porque não esta sem tempo “à toa” para ficar lendo manuais, nem quer ficar tirando suas duvidas em listas de discussão e sites de comunidades. Bem, não se pode viver ao acaso, à sombra da intuição para sempre. Ninguém nasceu sabendo, por exemplo, dirigir carros, cozinhar, mexer em computador e por ai vai muitas coisas que muitas vezes não são nada fáceis, mas que de acordo com o tempo mereceram um certo esforço para ser assimiladas e aprendidas. Neste caso depende da necessidade e do interesse de cada um (e digamos que seu computador precisar de algo que funcione melhor nele, que não trave tanto e que alem disso você estará abrindo novos horizontes em sua carreira profissional).

        Mas se você não esta nem aí para essa “besteira” de Software Livre, pois você e mesmo fã de carteirinha do Papai Bill por ele ter conseguido ganhar dinheiro em cima de um bocado de gente (inclusive de você) vendendo software de qualidade... como posso dizer?... no mínimo questionável, então tudo bem.

        Talvez você não queira usar Linux para que quando apareça aquela tela toda azul dizendo uma coisa do tipo: “um erro fatal ocorreu e você deve reiniciar seu computador!” seja melhor para você gritar: “que droga, meu computador deu pau” ao invés de “que droga, meu sistema operacional deu pau”.

        Como disse o filosofo Goete uma vez, quem de três milênios não consegue dar conta de si mesmo, vive a mercê do tempo. Entre outras palavras, se em sua vida você não consegue responder a perguntas do tipo “onde estou?”, ‘’quem sou eu?”, e “qual é o código fonte do software que estou utilizando?” certamente estará vivendo como quem pisa num campo minado pensando que é um palco para dançar balé. Como diria o velho ditado... as aparências enganam.

        Não odeio o Windows. Mas nunca mais vou gostar dele por ter me enganado por tanto tempo. E, pessoalmente, querer continuar com este engano é a única resposta cabível para a pergunta feita no titulo.

 

Por Natarajan Rodrigues
 
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