Maio 2003
   

Connecting people
Com certeza, o mais alto esforço para viabilizar a Internet a alguns poucos amigos humanos

      Desde o dia 14 de abril deste ano, está operando cibercafé que talvez possa ser chamado de o mais inacessível do mundo. A localização dele é um pouco peculiar, mas acaba levando a sério demais o slogan da Motorola (o título deste texto, para os mais esquecidos). A apenas 5334 metros de altitude, este cibercafé - que deve já ter seu nome no livro dos recordes - está situado justamente no Monte Everest.

      Sim senhor, você agora pode checar seus spams... ops, seus e-mails logo ali, onde você deve realmente precisar de fazê-lo.

      Já pensou um e-mail para a namorada? "Amor, está vendo? Até aqui não consigo tirar você da minha mente..." Certamente deve ser uma cantada infalível - e cara, ainda sim infalível.

      Melhor ainda seria você mandar uma mensagem para mamãe. "Já cheguei ao topo, agora é só descer - afinal na descida, todo santo ajuda! Beijos, Tommy." O problema seria o santo gostar tanto de ajudar o pobre do Tommy que acaba, por um deslize, causando uma avalanche, soterrando o infeliz.

      E o spam? Imagine-se a cinco mil metros de altitude, numa tenda de 3 por 6, sol bonito lá fora, temperatura de uns dois graus abaixo de zero. Sem ter o que fazer... (sem ter o que fazer no meio do Everest, vale lembrar... :] ) Resolve checar os e-mails para passar o tempo. Abre a caixa de entrada e o que encontra?

      “Compre já o ShockHazard 10.000 e sinta-se seguro contra a violência urbana...”

      Ou melhor:

      "Enlargue seu pênis em três polegadas em semanas! Basta tomar as pílulas naturais..."

      Ótimo, não?

      Mas a beleza maior ainda seria receber uma correntinha a mais de meio quilômetro de altitude - dureza seria ter que lembrar, lá no alto, das sete pessoas para quem você deveria repassar...

      É, senhor... connecting people. Engatinhamos ainda no terceiro milênio, mas o Kubrick nos prometeu a revelação logo em 2001 - nem aconteceu. Infelizmente, não estamos pilotando carros ao invés de dirigi-los. Acabamos sem conseguir a imortalidade. Muito menos chegamos a liberdade, a igualdade ou a fraternidade plena...

      É... a nossa querida tecnologia tem ainda que evoluir muito para alcançar os nossos sonhos. Mas, pelo menos, uma coisa é certa: sonhamos alto!

      Já temos até um cibercafé no Everest!


Por Guilherme Germoglio