|   <PETnews> 
              Quando e quais os motivos que levaram o empreendedorismo a ser discutido 
              no meio acadêmico? <Robert> 
              Veja, a maioria das pessoas imagina que as características 
              empreendedoras do ser humano são inatas e, portanto, apenas 
              uma minoria nasceria com esse talento. A grande maioria estaria 
              destinada ao trabalho assalariado, sem riscos e sem grandes necessidades 
              do exercício da criatividade. Esta visão já 
              está sendo substituída a partir de experiências 
              internacionais bem-sucedidas com a formação de empreendedores. 
              As universidades são os principais atores para realização 
              desta mudança cultural. A universidade é considerada 
              o ponto de partida deste processo, uma vez que é identificada 
              como fonte multiplicadora do saber por excelência. A preocupação 
              com a formação empreendedora é tema prioritário, 
              hoje, em todas as universidades importantes do mundo.Alguns estudiosos como Schumpeter 
              iniciaram trabalhos que incorporam o comportamento humano na transformação 
              de contextos econômicos. As grandes mudanças são 
              determinadas pela vontade de inovar dos empreendedores, em exercício 
              de criatividade permanente. O assunto chamou a atenção 
              de outros estudiosos que também pesquisaram sobre o tema.
 A partir da experiência 
              inicial com incubadora de empresas no final da década de 
              50 nos Estados Unidos, instituições como a Fundação 
              Kauffman, Babson College e London Business School iniciaram estudos 
              sobre as influências de valores sociais e culturais e aspectos 
              da motivação humana para empreender. As instituições 
              de pesquisa começaram a investir na idéia de formar 
              empreendedores e não empresas.
 No Brasil a preocupação 
              com a formação empreendedora surgiu na Universidade 
              Federal de Minas Gerais a partir de 1993, com a introdução 
              da metodologia "Oficina do Empreendedor", desenvolvida 
              pelo Prof. Fernando Dolabela, atendendo demandas urgentes do Programa 
              SOFTEX, na época executando a política governamental 
              de aumento das exportações do software brasileiro.
 Em relação a Campina 
              Grande, a vocação empreendedora da UFCG nasceu em 
              1996, a partir da instalação de uma base operacional 
              do projeto GENESIS - Geração de Novos Empreendimentos 
              em Software, Informação e Serviços. Na época 
              este projeto também estava associado às ações 
              do Programa SOFTEX. Destaca-se nesse período o trabalho pioneiro 
              da professora Maria de Fátima Camelo do DSC. Desde 1997 a 
              disciplina Empreendedorismo é ministrada na UFCG, o que resultou 
              na formação de mais de quinhentos alunos até 
              o presente período escolar.
 Um grande número de educadores 
              reconhece que o atual sistema de ensino enfatiza a aquisição 
              do conhecimento e não se preocupa com o desenvolvimento de 
              habilidades específicas para o uso produtivo desse conhecimento. 
              Neste sentido, os educadores entendem que as metodologias tradicionais 
              de ensino não enfocam o desenvolvimento da cultura empreendedora. 
              É importante destacar que a educação para o 
              empreendedorismo não pode ser confundida com a educação 
              para gerenciar pequenos negócios. Os empreendedores são 
              gestores de oportunidades e não apenas gestores de recursos.
 A formação empreendedora 
              exige uma nova práxis pedagógica. Evita-se intencionalmente 
              a palavra ensino, porque ainda não existe resposta científica 
              sobre a possibilidade de se ensinar alguém a ser empreendedor. 
              Sabe-se, contudo, que é possível aprender a ser empreendedor. 
              As disciplinas de formação empreendedora devem ser 
              elaboradas a partir do desafio de se introduzir novos conteúdos 
              e novos processos didáticos que superem obstáculos 
              à inovação. Além do mais, as disciplinas 
              devem ter vínculos com o mercado, com a sociedade e com os 
              empreendedores. As experiências acadêmicas devem ser 
              ricas e memoráveis para os alunos.
 O Departamento de Sistemas e 
              Computação oferece duas disciplinas de formação 
              empreendedora: "Empreendedorismo", para todos os alunos 
              do CCT/UFCG, através do Programa CCT Empreendedor, e "Marketing 
              para Informática" para os alunos do Curso de Ciência 
              da Computação, além de alguns cursos de curta 
              duração para os alunos do Programa CCT Empreendedor, 
              em parceria com a Fundação Parque Tecnológico 
              da Paraíba, com diversos temas: Plano de Negócios, 
              Gestão do Conhecimento, Propriedade Intelectual e outros.
   <PETnews> 
              Qual (is) o(s) objetivo(s) geral (is) e específico(s) da 
              disciplina de Empreendedorismo? <Robert>A 
              disciplina "Empreendedorismo" tem sido uma experiência 
              marcante para os alunos. Os objetivos gerais são:       Difundir 
              a cultura empreendedora no ambiente acadêmico. Estimular o comportamento empreendedor 
              na formação do aluno.
 Promover a geração 
              de novos empreendimentos de base tecnológica.
 Enquanto que os objetivos específicos 
              são:
       Contribuir, 
              através de atividades teóricas e práticas para 
              o desenvolvimento da criatividade empreendedora do aluno no ambiente 
              de inovação tecnológica. Fornecer ferramentas para auto-avaliação e conhecimento 
              de potencialidades pessoais.
 Orientar o aluno na elaboração 
              de seu Plano de Negócios.
 Fornecer ferramentas de planejamento 
              estratégico, mercadologia e finanças.
 Orientar o aluno na criação 
              de empresa pré-incubada.
 <PETnews> 
              Qual a importância do "Espírito Empreendedor" 
              para o profissional e em especial para o analista de sistema? <Robert> 
              Na verdade, estamos diante de um processo comportamental. A importância 
              de se cultivar atitudes construtivas é fundamental para a 
              realização de sonhos e geração de riqueza. 
              Isso é válido para qualquer profissional de qualquer 
              área. Aliás, é conveniente destacar aqui que 
              o conhecimento tecnológico é um aspecto essencial 
              na geração de negócios de base tecnológica, 
              porém, não é o único. Hoje, mais do 
              que nunca, está sendo exigido do profissional o exercício 
              da criatividade e da inovação.Portanto, é importante 
              que o analista de sistema também desenvolva suas competências 
              técnicas aliadas às potencialidades de sua vocação 
              empreendedora. Isso envolve autoconhecimento, descoberta de talentos 
              não utilizados, melhor relacionamento com as pessoas, atitude 
              de aprendizado permanente, e capacidade de sonhar, ousar e realizar.
  
              <PETnews> O "empreendedor" está dentro 
              de cada um de nós ou é um dom? Explique!  <Robert> 
              O empreendedorismo é o despertar do indivíduo para 
              o aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. 
              É a busca do autoconhecimento em processo de aprendizado 
              permanente, em atitude de abertura para novas experiências 
              e novos paradigmas. Portanto, é uma questão de liberdade 
              individual. Qualquer pessoa pode ativar a motivação 
              para empreender. Assim, podemos encontrar: alunos empreendedores, 
              professores empreendedores, profissionais liberais empreendedores, 
              como também empresários empreendedores.Naturalmente que existem diversos 
              graus de empreendedorismo. No Brasil prevalece o empreendedorismo 
              por necessidade, pessoas que precisam sobreviver e procuram uma 
              saída, qualquer que seja. Em alguns países desenvolvidos, 
              os empreendedores orientam-se pelas oportunidades. Naturalmente 
              que uma pessoa que pensa em oportunidades já está 
              em processo mais adiantado de capacitação empreendedora.
 Concluindo, entendo que a capacitação 
              empreendedora faz bem a qualquer pessoa. É uma questão 
              consciente de autoconhecimento, auto-realização, motivação 
              pessoal, iniciativa e vontade de fazer o que se gosta. Portanto, 
              o empreendedor está dentro de cada um de nós.
 
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