Entrevista com Ana Clara Lacerda, estudante de Ciência da Computação da UFCG que fez estágio em Marselha, França.
Por Natasha Bezerra
(natashabs@gmail.com)
Ana Clara nos concede uma entrevista, na qual relata sua experiência em estágio na área em outro país.
Ana Clara Lacerda.

Grupo PET – Olá Ana, você é natural de qual cidade?

Oi, meu nome é Ana Clara L. de Siqueira, tenho 19 anos e sou natural de João Pessoa - PB. Ingressei no curso de computação em 2009.1 e escolhi a UFCG por ter conhecimento sobre as oportunidades para os alunos enquanto graduandos.

Grupo PET – Qual período você está cursando?

Estou no 6º porém, cursando cadeiras do 5º e algumas do 4º devido ao período no qual fiquei parada em relação à grade do curso, por causa do estágio que fiz em Marselha, França.

Grupo PET – Como surgiu a ideia de ter essa experiência em outro país?

Sempre me interessei por intercâmbios e viagens. Vim para Campina Grande sabendo que o curso de Computação da UFCG poderia me dar essas oportunidades e sempre fiquei de olho para quando aparecesse algo. Quando vi a chamada para o estágio na lista da graduação não pude deixar de me inscrever.

Grupo PET – Como foi o processo de seleção?

A chamada para o estágio foi feita pelo site do curso e enviada para a lista graduacao-l no dia 29/07/10. Eu enviei um e-mail com alguns questionamentos que tive sobre o estágio, como por exemplo se precisava ter domínio da língua francesa, pois eu não sabia nada de francês, como a resposta foi negativa e o inglês era suficiente, eu enviei o histórico e currículo lattes e aguardei. No dia 13/08/10 chegou o e-mail com o resultado da seleção e eu tinha ficado em segundo lugar, porém o primeiro desistiu e eu fui contactada. A partir daí comecei a providenciar todos os documentos necessários.

Grupo PET – Qual foi a duração do estágio?

O estágio durou em torno de 4 meses, de outubro de 2010 a janeiro de 2011.

Lisboa-Portugal.

Grupo PET – Nesse período, você teve a oportunidade de conhecer outros países além da França?

Sim. Mesmo trabalhando 40h/semana consegui fazer algumas viagens, principalmente durante o período de Natal e Ano Novo. O orientador era bastante flexível com horários e eu fazia horas extras para conseguir um dia de folga e viajar. Fui duas vezes à Itália, a Portugal, além de outras cidades na França.

Roma-Itália.

Grupo PET – Onde você morava? Como era o seu custo de vida lá? A bolsa cobria todas as despesas?

Durante o estágio, eu fiquei na residência universitária que ficava muito próximo ao laboratório e dava para ir andando. O custo de vida é bem mais alto do que o que eu estava acostumada, porém a bolsa (419 EUROS) conseguia cobrir as despesas essenciais de alimentação e moradia.

Corredor da Residência.

Grupo PET – Conte-nos um pouco sobre o laboratório e o projeto do qual você participou.

Entrada da Residência.

O estágio foi realizado na Universidade Paul-Cézanne Aix-Marseille 3, no (Laboratoire des Sciences de l’Information et des Systèmes) sob a orientação de Jean-Marc Mercantini. O projeto chamava-se GENEPI e fazia parte de um projeto maior chamado CLARA2 (Calculs Liés Aux Rejets Accidentels). O projeto é responsável por gerar ações para combater a poluição no Mar Mediterrâneo, baseando-se em ontologias. Durante o estágio atuei no desenvolvimento da interface gráfica do GENEPI. A linguagem utilizada era Java, a interface foi desenvolvida usando a API Swing. A equipe também contava com Cláudia Serey, responsável pela ergonomia das telas da interface.

Laboratoire des Sciences de l’Information et des Systèmes - LSIS.

Grupo PET – Baseado no que você já tinha aprendido na graduação, qual o grau de dificuldade no projeto?

Quando surgiu a oportunidade do estágio eu estava no início do quarto período, um estágio pouco avançado em relação às disciplinas de computação. Fiquei um pouco preocupada com o nível requerido no projeto e conversei com Dalton e Cláudia, responsável pela seleção, para saber exatamente o que eu faria. Eram requeridos conhecimentos em Java, Swing e práticas de programação. Encontrei algumas dificuldades, mas nada que eu não conseguisse resolver.

Laboratoire des Sciences de l’Information et des Systèmes - LSIS.

Grupo PET – De que forma a coordenação do curso auxiliou no antes, durante e/ou depois do seu estágio?

A coordenação do curso teve um papel fundamental no meu estágio, uma vez que tive pouco tempo para conseguir todos os documentos necessários. Contei com uma grande ajuda de Dalton Serey, coordenador do curso na época, e Fátima Nascimento, para conseguir tudo no tempo necessário. Foi criada a disciplina Estágio Integrado II, já que eu não possuía os pré-requisitos para a disciplina de estágio já existente, e eu consegui a matrícula institucional.

Grupo PET – O que mais você gostou na França? Alguma curiosidade? Muitos choques culturais?

Conhecer outros países e conviver com pessoas com valores culturais distintos foi, com certeza, o que eu mais gostei. Marselha é considerada um pólo de atração de imigrantes e isso faz com que a cultura francesa não fique evidente sempre, percebi isso ao visitar outras cidades na França.

Grupo PET – Como foi lidar, no cotidiano, com a língua francesa?

No início foi muito difícil. Eles falam muito rápido e eu não entendia nenhuma palavra. Com o tempo, fui me acostumando a ouvir e já conseguia separar as palavras em uma frase e entender algumas. Comecei a frequentar as aulas de francês para iniciantes da própria universidade, o que ajudou muito.

Depois de alguns meses, eu já conseguia falar algumas coisas e me comunicar melhor nas ruas. Com o orientador do estágio, Jean-Marc Mercantini, as reuniões e discussões sobre o projeto foram sempre em inglês.

Grupo PET – De que forma, essa experiência contribuiu na sua formação?

A oportunidade de trabalhar e vivenciar o ambiente de pesquisa e desenvolvimento em uma universidade no exterior foi bastante proveitosa. Desenvolver algo sem estar no âmbito da graduação também foi bastante enriquecedor. Além do fato de conhecer uma nova língua.

Grupo PET – Ana Clara, muito obrigado por nos conceder esta entrevista.

Por Nada.

Jornal PETNews - Edição: Caio Paes - Revisão: Janderson Jason e Joseana Fechine
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