Para
se fazer uma análise sobre os atos terroristas que aconteceram
recentemente, precisamos rever alguns fatos. Primeiramente, havia árabes
vivendo na Palestina por séculos; depois veio o holocausto judeu
na Segunda Guerra Mundial; em seguida, sob o peso da culpa pelo holocausto,
veio a fundação do Estado judeu que expulsou, submeteu,
prendeu e matou milhares de árabes civis na Palestina; posteriormente
veio a consolidação militar definitiva de Israel, com
apoio dos Estados Unidos; então veio o 11 de setembro, e a resposta
norte-americana com a invasão do Afeganistão e do Iraque
- esta, com apoio, dentre outros países, da Espanha, que sofreu
com a réplica, tendo um saldo de 200 pessoas mortas no atentado
em Madri.
A história
da civilização é uma história de guerras,
e por conseqüência, uma história de matanças
indiscriminadas de humanos, sejam civis ou não. Tão recentemente,
quanto na Segunda Guerra, a Alemanha, um dos pilares da civilização
ocidental, queimou mais de seis milhões de judeus em fornos.
Os Estados Unidos, dentre vários atos, despejaram bombas atômicas
sobre Hiroshima e Nagasaki e pulverizaram com desfolhantes químicos
os campos vietnamitas. Em 1982, um torpedeiro americano, "New Jersey",
despejou toneladas de bombas sobre a população civil de
Beirute. Infelizmente, devido a estas ações, vários
civis inocentes sofrem com o terrorismo - forma crudelíssima
e injustificável de protesto devido à opressão
de nações como a Palestina.
O
terrorismo busca resultados simbólicos. A matança é
um meio, não um fim em si. O 11 de setembro não foi, até
aqui, o maior ato terrorista da História apenas pelo número
de vítimas inocentes (as bombas de Hiroshima e Nagasaki mataram
muito mais), porém marcou mais porque atingiu o coração
militar e financeiro da maior potência militar e econômica
do planeta. O recado das organizações extremistas como
o AL Qaeda é: ninguém está a salvo.
E a ação suicida acrescenta: vocês roubaram
a nossa dignidade, mataram nossos irmãos, invadiram nossas casas,
humilharam nosso povo, tiraram a perspectiva de vida de nossos jovens.
Nós não estamos nos matando. Nós já estávamos
mortos para qualquer vida digna, e estamos dando o troco.
Se há
algo a fazer, deve ser feito na política. Já que o principal
terrorismo que vem causando sérios danos é o terrorismo
árabe e sua principal reivindicação é questão
da Palestina. Certamente, o terror continuará enquanto a Palestina
for mantida por Israel na condição de um pseudo-Estado
subordinado, humilhado e manipulado. Enquanto o Exército israelense
continuar bombardeando e invadindo bairros palestinos e atacando casas
indiscriminadamente, com certeza, não teremos paz.
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