Doenças psicossomáticas
Por Jéssika Renally
(jessica.rodrigues@ccc.ufcg.eu.br)
Nem só de fatores explicitamente físicos ou genéticos o corpo padece. Os nossos sentimentos e a forma como vivemos podem ocasionar várias doenças.

Já é do conhecimento de muitas pessoas que aquilo que guardamos dentro de nós pode desencadear doenças no nosso corpo. A estas doenças, que surgem em consequência de emoções e sentimentos, chamamos de psicossomáticas.

Sempre que sentimos alguma emoção, essa sensação chega ao hipotálamo, que é a região do cérebro responsável por coordenar diversas funções vegetativas, emocionais, comportamentais e endócrinas do nosso corpo. É essa estrutura que regula as alterações da pressão arterial e frequência cardíaca, as sensações de fome, agressividade e sede. O hipotálamo se liga e coordena grande parte das funções da hipófise. Essa glândula é responsável pela produção de diversos hormônios como a prolactina (hormônio que interfere na produção de leite nas mulheres) e samatarofina (hormônio do crescimento).

Por controlar hormônios e funções vitais do nosso corpo, quando temos emoções muito fortes, o hipotálamo e a hipófise respondem nos causando sensações. É muito comum, em determinadas situações, sentir o coração acelerar. Isso ocorre devido à liberação de catecolaminas e corticosteróides. Essas substâncias repercutem sobre o aparelho cardiovascular, elevando a frequência cardíaca.

Já se sabe que diversas doenças são iniciadas por aflições psicológicas, como alergias, bulimia, infertilidade, infarto, diabetes e disfunções glandulares. Essas “aflições” podem ser eventos significativos que ocorreram na infância, como separação da criança da mãe; abusos sofridos (verbais ou físicos); situações de violência; entre outros. Eventos estressantes, morte de alguém próximo, mudança de trabalho ou de casa, insatisfação no trabalho ou problemas com o marido, com o namorado, tudo isso pode desencadear uma doença psicossomática. O corpo fica doente e de início a pessoa não faz relação com esses problemas, acha que não tiveram nada a ver com a doença, mas tem relação sim.

Uma psicóloga americana afirma que 100% das doenças que temos são criadas por nós mesmos. Louise L. Hay disse que “toda doença tem origem em um estado de não-perdão”. Ela listou uma série de doenças e quais os fatores que as desencadeiam. Segue, abaixo, uma pequena amostra dessa lista.

  • Asma – sentimento contido, choro reprimido.
  • Câncer – mágoa profunda, tristezas mantidas por muito tempo.
  • Problemas com Colesterol – medo de aceitar a alegria.
  • Derrame – resistência, rejeição à vida.

Existe um sentimento que ocasiona várias doenças e que sempre é lembrado quando se fala em doenças psicossomáticas: o rancor. O desejo de vingança e o rancor são respostas naturais a injustiças sofridas.

Como o rancor é uma resposta natural – cultivada pela raiva que a lembrança de uma injustiça provoca, muitos acreditam que estão sendo justos se mantiverem o rancor. Esse tipo de "justiça da vingança", baseada na máxima "olho-por-olho e dente-por-dente", é primitiva e precisa ser superada.

Um estudo feito em 1960 por Friedman e Rosenman aponta que pessoas que guardam rancor tem mais propensão a infarto do miocárdio e à morte por ataque cardíaco.

Diante de situações de rancor, não existe solução melhor que o perdão. Ainda que a situação que gerou o atrito seja difícil de superar, sempre vale a pena optar pelo perdão.

Segundo o doutor em psicologia e líder do Grupo de Estudo e Pesquisa sobre o Perdão (GEPP) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Júlio Rique Neto, a lista de benefícios inclui melhor condição de saúde física e mental.

Perdoar é difícil porque as tendências que prevalecem são a autoafirmação, o egoísmo e o individualismo, ao passo que o perdão supõe e exige espiritualidade, maturidade e fraternidade.

Dentre todos os maus sentimentos, a falta de perdão é a que com certeza mais incomoda as pessoas. Esse, assim como a raiva, hostilidade, inveja, complexo de inferioridade, orgulho, auto-suficiência e individualismo, tiram o brilho e a beleza da vida. Isso ocorre, primeiro, porque o nosso emocional fica completamente abalado; segundo porque o nosso corpo tenta colocar para fora essas mazelas, e se elas não saem como sentimento, acabam se revelando por meio de doenças físicas.

Logo, vale a pena viver e se consumir por aquilo que realmente importa, como o amor, a caridade, a alegria, a paz, a paciência, afabilidade, a temperança, a brandura e a bondade.

Jornal PETNews - Edição: Jeymisson Oliveira - Revisão: Savyo Nóbrega e Joseana Fechine
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