Entrevista com Paulo Ricardo, egresso do curso que atualmente trabalha na Chaordic Systems, startup brasileira inovadora no mercado de TI.
Por Ana Luiza Motta Gomes
(ana.gomes@ccc.ufcg.edu.br)
Na entrevista deste mês, o egresso Paulo Ricardo conta um pouco mais sobre suas experiências internacionais e trabalho na Chaordic Systems.

Grupo PET - Olá, Paulo. Primeiramente, fale um pouco mais sobre você.

Paulo - Me chamo Paulo Motta e tenho 26 anos. Terminei o curso de ciência da computação na UFCG no fim de 2009, e depois realizei um mestrado em sistemas distribuídos na Europa, concluído em 2012. Atualmente estou trabalhando em Florianópolis na Chaordic Systems, que oferece soluções de personalização baseadas na nuvem para comércios eletrônicos.

Grupo PET - Em que tipo de pesquisa você atuava enquanto estudante de graduação da UFCG?

Paulo - Tive o privilégio de fazer parte do Laboratório de Sistemas Distribuídos (LSD) a partir do meu segundo período, o que me proporcionou um amplo desenvolvimento pessoal e profissional. No LSD, tive a oportunidade de participar de vários projetos de pesquisa em sistemas distribuídos, em especial o OurGrid e o SegHidro. Essas experiências me abriram várias portas, incluindo realizar um estágio na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) em 2007 e participar de eventos de pesquisa internacional.

Paulo estagiou no Laboratório de Sistemas Distribuídos entre 2006 e 2009

Grupo PET - Como você conseguiu realizar um estágio no CERN e como foi a experiência?

Paulo - O CERN tem alguns programas de estágio pra estudantes, mas a maioria deles é voltado para estudantes europeus, que são os países que contribuem financeiramente para a organização. Por sorte encontrei um programa do departamento de TI, o CERN Openlab Student Program, que é aberto a estudantes de graduação, mestrado e doutorado de todas as nacionalidades. Eu resolvi tentar, "sem medo de ser feliz", e felizmente deu certo! No CERN eu desenvolvi uma plataforma virtual de educação que foi utilizada em sessões de treinamento sobre grids computacionais. Os estudantes do nosso programa foram instalados num bunker nuclear subterrâneo, onde moramos por 2 meses. Foi uma experiência surreal! Além disso eu tive o privilégio de visitar o acelerador de partículas LHC, e conhecer vários cientistas e estudantes do mundo todo.

Estudantes do estágio de verão do CERN.

Como surgiu a ideia de fazer mestrado em outro país? E por que escolheu Portugal e Suécia?

Paulo - Eu sempre tentei aliar os meus interesses pessoais aos profissionais, e morar na Europa sempre foi um grande sonho. Quando estava perto de terminar a graduação, me inscrevi em um programa de mestrado promovido pela União Européia em uma área que eu tinha bastante interesse, o European Master in Distributed Computing. O legal do programa é que além da parte técnica, há também uma componente cultural, então você tem que cursar o mestrado em pelo menos 2 instituições de diferentes países europeus. Escolhi Portugal e Suécia porque são países bem diferentes culturalmente, afinal estão em 2 extremos opostos da Europa. Foi uma experiência unica, onde eu não só tive a oportunidade de conhecer a fundo a Europa mas também conheci outras culturas bem distintas da nossa através dos meus colegas de classe de lugares tão distantes quanto Índia, Paquistão, Indonésia, Grécia, Irã, entre outros. Recomendo a qualquer pessoa a realização de pelo menos um intercâmbio internacional pra enxergar o mundo de outra forma!

Colegas de turma da Índia, Albânia, Irã, Indonésia, China, Paquistão, Argentina, Grécia, Suécia e Reino Unido.

Grupo PET - Como surgiu o interesse em trabalhar na Chaordic?

Paulo - Depois do mestrado em sistemas distribuídos queria trabalhar em algo relevante nessa área, e numa empresa legal. Aqui no Brasil tem poucas empresas trabalhando com sistemas distribuídos e uma grande massa de dados, e que ainda por cima tem uma cultura legal. Por essa razão estava procurando emprego na Europa e no Vale do Silício, mas felizmente encontrei a Chaordic, que trabalha com problemas bem interessantes e está localizada em Florianópolis, um paraíso particular no Brasil.

Grupo PET - Qual é o foco da Chaordic e em que área você atua?

Paulo - A meta da Chaordic é facilitar as escolhas numa época de excesso de opções. Para isso, desenvolvemos uma plataforma de recomendação que utiliza tecnologias de ponta para prover recomendações com alta qualidade e eficiência. Atualmente servimos dezenas de milhões de usuários e estamos presentes nas maiores lojas virtuais do país, o que é bastante gratificante.

Um dos desafios da Chaordic é prover um sistema que seja robusto e confiável, mesmo com centenas de milhares de acessos simultâneos. Nesse contexto, eu trabalho como engenheiro de software na equipe que desenvolve e mantém a plataforma de gerenciamento de dados altamente disponível e escalável. Assim, os outros times da Chaordic podem se preocupar em prover recomendações de qualidade para os usuários enquanto o nosso time mantém os dados acessíveis e seguros.

O ambiente de trabalho da Chaordic oferece aos seus funcionários opções como mesa de pôquer, sinuca e um bar com chopp a disposição

Grupo PET - Quais dos conceitos aprendidos durante a graduação você utiliza hoje no seu trabalho?

Paulo - Acredito que todos os conceitos foram importantes de uma forma ou de outra, mas se tivesse que listar as disciplinas mais relevantes para o meu trabalho atual acredito que seriam: Sistemas Distribuídos, Redes, Banco de Dados, Engenharia de Software, Sistemas Operacionais, e obviamente, Estruturas de Dados e Algoritmos. O conhecimento avançado em Java adquirido no curso também foi bem importante, pois Java é uma linguagem de bastante relevância tanto no mercado quanto na academia. Além disso, acredito que ter aprendido a usar as ferramentas de desenvolvimento do Linux foi uma decisão que certamente valeu a pena, pois Linux é o sistema operacional de fato da indústria.

Grupo PET - Paulo, obrigado pela entrevista. O PET Computação deseja muito sucesso na sua carreira.

Paulo - Muito obrigado pela oportunidade e espero que a entrevista possa servir como inspiração pra os alunos do curso seguirem os seus sonhos. Impossible is nothing! :-)

Jornal PETNews - Edição: Jessika Renally - Revisão: Tiaraju Smaneoto e Lívia Sampaio
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