O poder das vacinas
Por Jéssika Renally
(jessica.rodrigues@ccc.ufcg.eu.br)
Um pequeno experimento realizado por um médico em 1796 toma proporções inimagináveis, revolucionando o combate a diversas doenças. No Bem Estar deste mês, trataremos da origem das vacinas, como elas agem e se há algum efeito negativo associado ao seu uso.

Em 1796, o médico Edward Jenner observou que as vacas possuíam feridas em suas tetas similares às causadas pela varíola humana, percebendo, dessa maneira, que existia uma variação da varíola que atingia as vacas. Ainda nesse processo de observação, ele percebeu que as moças que cuidavam das vacas tinham uma versão mais suave da doença, ficando imunizadas ao vírus que atingia os seres humanos.

Levando em consideração todos esses fatos, Jenner fez a seguinte experiência: recolheu o líquido que saía das feridas das vacas e passou por cima de arranhões, que ele mesmo tinha feito no braço de seu filho. Primeiramente, esse experimento resultou em febre e algumas lesões leves no seu filho. Posteriormente, Edward aplicou o líquido da ferida de um homem que possuía varíola no braço de seu filho. Após algumas semanas, quando exposto ao vírus, o garoto mostrou-se completamente imune à doença. Dessa forma, estava descoberta a propriedade de imunização contra o vírus da varíola. O nome vacina é uma derivação da palavra, em latim, vacca, que significa vaca.

Edward Jenner ficou mundialmente conhecido como o inventor da vacina. No entanto, existem indícios de que os chineses já utilizavam essa técnica de vacinação para a prevenção da varíola, utilizando não o liquido, mas triturando a casca das feridas. Independente da sua verdadeira origem, o importante é que essa técnica evoluiu e foi amplamente difundida, sendo hoje usada na prevenção de diversas doenças.

As vacinas têm como princípio de ação a injeção de vírus ou bactérias, partes de microorganismos, toxinas ou proteínas no corpo dos pacientes a fim de suscitar, no organismo, reações no sistema imunológico, criando anticorpos no corpo para combater determinadas doenças. Além da produção de anticorpos, as vacinas também desenvolvem a memória imunológica.

Memória imunológica é o nome que se dá à capacidade do organismo de “lembrar” como produzir os anticorpos necessários ao combate de certas doenças.

Muitas polêmicas envolvem o uso de vacinas. Por exemplo, em 1904, no Brasil, houve a chamada Revolta da Vacina, em que a população do Rio de Janeiro se recusou a receber a vacina contra a varíola com medo de que as vacinas causassem efeitos colaterais, alguns inclusive duvidavam do efeito da vacina. Mais recentemente, houve polêmicas envolvendo o timerosal, um conservante presente em vacinas como a tríplice viral. Segundo alguns médicos americanos e ingleses, existe uma conexão entre o timerosal e o aparecimento de autismo em crianças. Estudos feitos em 2006 não apontaram nenhuma evidência convincente dessa conexão.

Apesar dessas polêmicas, estima-se que o uso de vacinas salva cerca de 3 milhões de pessoas por ano, sendo mais eficiente que qualquer outro medicamento existente na história da humanidade. Outros benefícios, associados ao uso das vacinas, são a redução nos gastos com saúde, para a população e governo e a prevenção na possível incapacidade de antibióticos, pois uma vez que as pessoas adoecem menos, acabam recorrendo menos a esse medicamento, mantendo o índice de eficácia dos antibióticos.

Abaixo um vídeo explicativo de como as vacinas agem no nosso organismo.

No Brasil, existe um programa de vacinação, disponibilizado pelo governo, acessível à população. O programa é dividido em quatro partes:

Esses calendários de vacinação são coordenados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Dentre os objetivos do PNI, estão a erradicação, eliminação e controle das doenças imunopreveníveis no território brasileiro.

Diversas doenças no Brasil apresentam um quadro de franco declínio, ou seja, estão diminuindo em número de incidência. Entre essas doenças encontram-se: a difteria, coqueluche e o tétano. Além do mais, a varíola está erradicada desde 1978 e a poliomielite recebeu a certificação da erradicação da transmissão autóctone (transmissão que ocorre dentro do território por pessoas naturais desta região) em 1994. Mais dados sobre o Programa Nacional de Imunizações podem ser encontrados no portal da saúde do governo federal.

Antes de se vacinar, é bom ter alguns cuidados, tais como: ter certeza de que não é alérgico aos componentes da vacina; vacinar-se por indicação médica e apenas quando houver necessidade de imunização; verificar se a vacina não está vencida, se ela está sendo refrigerada na temperatura correta e se o posto de vacinação é certificado pela Vigilância Sanitária e estar prevenido contra possíveis efeitos colaterais, como febre, dor no corpo e mal estar.

É certo que ainda há muito o que se fazer, no Brasil e no mundo há diversas doenças que precisam ser erradicadas. Já evoluímos muito, mas ainda há muito trabalho. O que fica é que, sem dúvida alguma, a vacinação é a maneira mais eficaz para se evitar diversas doenças como varíola, poliomielite (paralisia infantil), sarampo, tuberculose, rubéola, gripe, hepatite B e febre amarela, entre outras tantas, que durante séculos dizimaram a população de diversas regiões.

Jornal PETNews - Edição: Jeymisson Oliveira - Revisão: Savyo Nóbrega e Joseana Fechine
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