História do PET no Brasil e no curso de Computação da Universidade Federal de Campina Grande.
Por Gleyser Guimarães
(gleyser.bonfim.guimaraes@ccc.ufcg.edu.br)
Nessa edição iremos recordar sobre vários momentos que marcaram a história do Programa de Educação Tutorial no Brasil e no PET Computação da Universidade Federal de Campina Grande.

O Programa Especial de Treinamento (PET) foi criado em 1979 pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e foi inspirado nos Honours Programs, que consistiam em programas oferecidos em algumas universidades americanas que visavam uma melhor formação acadêmica de alunos de graduação. Em 1996 o programa já possuia 318 grupos.

Em 1997, com a crise da Rússia no fim do ano, o governo anuncia cortes em toda a educação, atingindo também o programa PET. O anúncio inicial era o corte da taxa de manutenção, a bolsa de professor visitante, a bolsa de mestrado para egressos do programa e reduzia de 12 para 6 o número de pessoas por grupo. No ano seguinte, devido à mobilização de bolsistas e tutores, conseguiu-se reverter a redução no número de bolsistas. Começam a se afirmar como instrumentos da luta pelo PET a criação de Interpet's estaduais, os encontros regionais como ENEPET(Encontro Nordestino dos Grupos PET) e Sudestepet, manifestações de rua em Brasília e em diversas cidades e, principalmente, o ENAPET, Encontro Nacional de Grupos PET, atividade anual que era realizada paralelamente à reunião anual da SBPC(Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Em 1999 o governo anuncia a extinção do programa e sua eventual substituição pelo DEPEM, um programa de compra de equipamentos com captação de recursos na iniciativa privada. Os grupos PET's de todo país se mobilizam fazendo manifestações de rua e recebe forte apoio de parlamentares e da comunidade acadêmica, incluindo ANDES, UNE, SBPC, Andifes, Centros Acadêmicos e diversas Assembléias Estaduais. A extinção do programa não ocorre e o governo é obrigado a prorrogar o programa por mais um ano, passando a coordenação do mesmo do âmbito da CAPES para a SESu (Secretaria de Educação Superior), ficando a sua gestão sob a responsabilidade do Departamento de Modernização e Programas da Educação Superior – DEPEM.

Nos anos seguintes o programa continuou a sofrer por falta de investimento do governo federal. Em 22 de março de 2001 a SESu divulga um documento, extinguindo todos os grupos e lançando um edital para um programa substitutivo, com o mesmo nome PET, no entanto completamente descaracterizado. O Edital foi rejeitado nacionalmente pelos grupos, pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação (FORGRAD) e por muitas Universidades. Por fim, cai da chefia da SESu o então secretário Antonio Macdowell, dando lugar à nova Secretária Maria Helena de Castro, que reconhece o projeto como muito fraco e cancela o edital que poria fim ao PET. Todavia, o programa ainda continuou com problemas de investimento, mais especificamente com o pagamento de bolsas, até meados de 2004, quando o PET passou a ser identificado como Programa de Educação Tutorial.

Regulamentado pela Lei n. 11.180, de 23 de setembro de 2005, e pelas Portarias MEC n. 3.385, de 29 de setembro de 2005, e n. 1.632, de 25 de setembro de 2006, o PET (enquanto Programa de Educação Tutorial) destina-se a apoiar grupos de alunos que demonstrem potencial, interesse e habilidades destacadas em cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior (IES).

Em dezembro de 1996 o MEC - Ministério da Educação - instituiu o programa Conexões de Saberes, até 2010, o programa não estava associado ao PET, porém desde o final de 2011 ocorreu sua transição gradual para o modelo PET. O objetivo é desenvolver ações inovadoras que ampliem a troca de saberes entre as comunidades populares e a universidade, valorizando o protagonismo dos estudantes universitários beneficiários das ações afirmativas no âmbito das Universidades públicas brasileiras. Estas ações também contribuem para a inclusão social de jovens oriundos das comunidades do campo, quilombola, indígena e em situação de vulnerabilidade social.

Atualmente o Programa de Educação Tutorial conta com 779 grupos distribuídos entre 114 Instituições de Ensino Superior abrangendo as diferentes áreas do conhecimento e as diversas regiões geográficas do país, sendo desenvolvido por grupos de estudantes, com tutoria de um docente, organizados a partir de formações em nível de graduação das Instituições de Ensino Superior do país, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

No curso de Bacharelado em Ciência da Computação da Universidade Federal de Campina Grande, o programa foi implantado em abril de 1992 sob a tutoria da professora Profa. Dra. Maria de Fátima Camêlo e contou com a participação de 4 bolsistas: Alessandra Cordeiro de Vasconcelos, Álvaro Vinícius de Souza Coelho, Michele Mora de Araújo Espíndula e Vladimir Soares Catão. Inicialmente as atividades consistiam na realização de pesquisas cientificas e minicursos.

Em 1998 a tutoria do grupo - já composto por 12 integrantes - foi assumida pelo Prof. Dr. Jacques Philippe Sauvé, que deu continuidade às atividades, sendo priorizadas as pesquisas científicas individuais. Nessa época foram organizados vários ciclos de seminários semanais oferecidos à toda comunidade. Outra atividade que também trouxe resultados positivos foi a organização da III Olimpíada de Programação dos Estudantes do DSC (Departamento de Sistemas e Computação) além da participação do grupo em diversos outros eventos. No ano de 2000 assumiu a responsabilidade da tutoria a Profa. Dra. Francilene Procópio Garcia, sendo possível destacar, nessa época, a criação do easYProcess (YP). Em 2004 foi a Profa. Dra. Joseana Macêdo Fechine Régis de Araújo quem recebeu a responsabilidade da tutoria do Programa, onde foram introduzidas várias atividades, buscando sempre o desenvolvimento dos três pilares do programa: Ensino, Pesquisa e Extensão. Em novembro de 2012 a Profa. Dra. Lívia Maria Rodrigues Sampaio Campos, que foi petiana durante sua graduação em Ciência da Computação (UFCG), na época em que o PET era Programa Especial de Treinamento, recebeu o cargo de tutora do grupo.

Ao longo desses 20 anos, o PET Computação desenvolveu e continua desenvolvendo ações que impulsionaram a formação de dezenas de alunos que passaram pelo grupo. Todavia, faz-se necessário destacar, que o programa tem a característica fundamental de não apenas ajudar aos membros do grupo, mas sim a todos que tenham contato com as ações desenvolvidas. Apesar das dificuldades enfrentadas pelo programa, sempre foi uma meta buscar o êxito na tarefa de desenvolver atividades que contribuam para o desenvolvimento das pessoas, sejam elas do grupo, do curso ou da comunidade.

Jornal PETNews - Edição: Jessika Renally - Revisão: Tiaraju Smaneoto e Lívia Sampaio
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