Uso da impressora 3D na medicina
Por Maria Leticia Barbosa
(maria.barbosa@ccc.ufcg.edu.br)
O avanço da tecnologia 3D vem invadindo o mundo da medicina e ajudando na melhoria do bem-estar da população. Descubra algumas das utilizações desta tecnologia na área.

A Impressão 3D está impressionando a cada dia mais pela sua praticidade, já que ela está sendo usada por um número crescente de fabricantes para projetar seus produtos e agora está trazendo mudanças radicais no campo da medicina. Impressão tridimensional de células humanas e até de órgãos, incluindo o coração e fígado, podem parecer ficção científica, entretanto, pesquisadores estão obtendo resultados concretos nesse sentido, possibililando uma melhor qualidade de vida e bem-estar para as pessoas do mundo inteiro.

Seguem alguns exemplos de usos das impressoras 3D, que podem revolucionar a medicina.

1) Imprimir células-tronco embrionárias humanas

Células-tronco podem desenvolver-se nos mais diversos tipos de tecido do corpo e agora podem ser impressas, pelo menos em laboratório. No dia 5 de fevereiro de 2013, no jornal Science, pesquisas da Universidade de Edinburgh descrevem uma impressora baseada em válvulas que imprime células-tronco embrionárias humanas vivas. Essas células podem ser usadas para criar tecidos para testes farmacológicos ou crescer órgãos para transplante.

2) Imprimir vasos sanguíneos e tecido cardíaco

Imprimir alguns tecidos já é uma realidade. Gabor Forgacs da Universidade de Missouri na Columbia e colegas imprimiram vasos sanguíneos e lâminas de tecidos que pulsam como um coração de verdade. O trabalho foi publicado em março de 2008 no jornal Tissue Engineering. Forgacs e colaboradores começaram uma companhia chamada Organovo para disponibilizar estes produtos para o mercado.

Um grupo na German Fraunhofer Institute também criou vasos sanguíneos, imprimindo moléculas biológicas artificiais com tinta 3D e recortando-as com laser.

3) Imprimir pele

Nos últimos 25 anos, temos visto grandes avanços na engenharia tecidual de pele, que pode ser usada para substituir pele lesada por queimaduras, doenças de pele entre outras causas. Recentemente, cientistas tem adotado pele impressa em 3D para tais procedimentos. Lothar Koch e colegas, do Laser Center Hannover na Alemanha, imprimiram a laser células epiteliais, como foi relatado em setembro de 2010 no jornal Tissue Engeneering.

4) Consertando um coração partido

Pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de um “conserta-coração” feito de células impressas em 3D que reparam “corações partidos”. Ralf Gaebel e seus colegas da Universidade de Rostok, na Alemanha, construíram o reparador usando uma técnica computadorizada de impressão 3D a laser. Eles implantaram esse reparador feito de células humanas em corações de ratos que sofreram infarto do miocárdio, os corações de rato que foram reparados mostraram melhora na função. Os cientistas relataram o caso em dezembro de 2011 no jornal Biomaterials.

5) Imprimindo cartilagens e ossos

Nos Estados Unidos a Universidade Estadual de Washington planeja aposentar as tradicionais botas de gesso usadas em ossos fraturados. Isso porque eles estudam a criação de um osso artificial feito sob medida que pode manter a estabilidade enquanto o osso natural se recupera de alguma fratura. A técnica já foi testada, com resultados promissores. O osso artificial, feito de fosfato de cálcio, silício e zinco, é colocado ao lado do osso lesionado e funciona como uma prótese. Quando o osso biológico estiver recuperado, não há nem necessidade de voltar ao ortopedista – o osso impresso em 3D é capaz de se dissolver sozinho, sem deixar vestígios ou provocar danos. Implantes dentários e tratamentos de osteoporose também serão beneficiados com essa técnica.

6) Estudar câncer com células impressas

Imprimir células pode levar a melhores jeitos de estudar doenças em laboratório e desenvolver terapias. Por exemplo, um grupo de pesquisadores usou um sistema automatizado para imprimir células neoplásicas de ovário em um gel dentro de uma placa de Petri, onde as células podem crescer e serem estudadas. A proposta desta impressão possibilita aos cientistas estudar as células tumorais num ambiente mais sistemático (preciso) e usá-las para testar fármacos. O estudo, liderado pelo engenheiro biomédico Utkan Demirici, de Harvard University Medical School e Brigham and Women’s Hospital, foi publicado em fevereiro de 2011 no Biotechnology Journal.

7) Imprimir órgãos

Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, EUA, recriou em laboratório a bexiga de sete pessoas portadoras de um grave defeito congênito. Atala retirou células da própria bexiga dos voluntários e injetou num molde biodegradável feito numa impressora 3D. Depois, implantou o órgão de volta nos pacientes. Sim, funcionou. O próximo passo é imprimir um rim.

Sabemos que a computação e as tecnologias da atualidade estão sendo aplicadas em diversas áreas do conhecimento e do desenvolvimento humano. A utilização e evolução da tecnologia 3D é uma prova notória de que os avanços na área de computação podem auxiliar até na saúde e bem estar das pessoas, trazendo inúmeros benefícios como incluir custos menores e flexíveis, a rápida produção de peças e instrumentos.

REFERÊNCIAS

http://www.ipcdigital.com/br/Mulher/Saude-e-bem-estar/Ciencia/Impressoras-3-D-traz-mudancas-radicais-na-medicina_07092013

http://www.fashionbubbles.com/tecnologia/impressao-3d/

http://academiamedica.com.br/7-usos-incriveis-para-impressoras-3d-na-medicina/

Jornal PETNews - Edição: Jessika Renally - Revisão: Tiaraju Smaneoto e Lívia Sampaio
Grupo PET Computação UFCG, 2012. All rights reserved.