PET - Fale sobre você.
Tarciso - Tarciso Braz de Oliveira Filho, 19 anos.
PET - Olá Tarciso, você é natural de que cidade?
Tarciso - Sou natural de Campina Grande, PB.
PET - Por que escolheu o curso de Ciência da Computação da UFCG?
Tarciso - Sempre me interessei pela área da informática, e queria saber como a tecnologia funciona, como se faz tecnologia, participando do desenvolvimento e inovação nessa área.
PET - Qual período cursava antes de viajar? A participação no intercâmbio, irá alterar o período que pretendia concluir o curso?
Tarciso - Eu cursava o quarto período em 2011.2. As disciplinas que eu cursar aqui serão incluídas no meu currículo e serão aproveitadas no Brasil como créditos de disciplinas normais, de acordo com a carga horária.
PET - Você participava de algum projeto/laboratório na UFCG?
Tarciso - Sim. Desde o segundo período, participei do Grupo de Desenvolvimento do LSD (Laboratório de Sistemas Distribuídos), trabalhando no software Ourgrid, um middleware que utiliza grades computacionais para a execução de aplicações Bag-of-tasks. Foi algo que ajudou muito no meu crescimento como estudante de Ciência da Computação, tendo experiência com um software de grande porte como o Ourgrid, além de aprender sobre várias áreas da computação que não são levadas muito a fundo no curso.
PET - Porque você escolheu fazer parte de sua graduação fora do Brasil?
Tarciso - Primeiramente, por ser uma experiência muito importante do ponto de vista acadêmico, podendo estudar nas melhores universidades do mundo, especialmente as dos EUA, com seus métodos de ensino diferentes; e também pela questão cultural, por entender que experiências como essas são extremamente enriquecedoras para o caráter e para a vida como um todo de qualquer pessoa.
PET - Como foi o processo de seleção no Programa Ciência sem Fronteiras?
Tarciso - Primeiro, aconteceu a seleção interna da universidade, com análise de currículo e histórico, basicamente. Em seguida, ocorreu a seleção nacional, que incluiu a prova do TOEFL, na qual era necessário ter nota maior ou igual a 80 pontos; e por fim, a seleção da universidade (como eu vim pelo programa da CAPES, a universidade me escolheu, não o contrário); nessa última, tive que fazer algumas redações (essays) em inglês para a análise da universidade.
PET - Como foi sua preparação para seleção?
Tarciso - Como a seleção foi muito rápida e eu não tinha muitas informações a respeito de como seria antes de ela acontecer, sendo esse o primeiro ano do programa Ciência Sem Fronteiras, a parte para a qual me preparei mais especificamente foi para a prova do TOEFL (Test of English as a Foreign Language), que precisava ser feita para atingir uma determinada nota de corte. Eu estudei para entender o modelo da prova e os tipos de questões abordadas. No mais, foi extremamente importante ter estudado bem desde o início do curso. Manter um bom CRE, participar de projetos em laboratórios da universidade; enfim: ter um bom currículo e histórico são boas dicas para quem deseja participar do programa. Tudo isso contou muito na minha seleção.
PET - A coordenação do curso, colaborou em alguma etapa do processo de seleção do Programa CsF? Se sim, qual e como?
Tarciso - A coordenação divulgou amplamente o programa e também auxiliou os alunos, principalmente na parte burocrática, oferecendo ajuda quanto à matrícula na universidade local, enquanto o aluno está fora (Matrícula Institucional), além de agilizar os documentos requeridos pelo programa.
PET - Em que país e cidade você esta morando?
Tarciso - Estou morando nos EUA, em Davis, Califórnia.
PET - Para qual Universidade você foi selecionado? E qual a duração do intercâmbio?
Tarciso - Fui selecionado para a UC Davis - University of California – Davis, EUA. O intercâmbio tem duração de 1 ano (no meu caso, todo o ano de 2012).
PET - Você está sofrendo algum choque cultural?
Tarciso - No início é tudo maravilhoso. A cidade, a universidade, as pessoas, etc. Um certo tempo depois, começa a saudade de casa; as pessoas não agem da mesma forma (brasileiros são mais afetuosos, o calor humano é maior). A comida também é muito diferente. A refeição mais importante para os americanos é o jantar, não o almoço. Eles comem muito hamburger, pizza, etc; em qualquer horário do dia, como uma refeição normal (eles não comem arroz com feijão, por exemplo). Mas com o tempo, eu fui me acostumando com tudo isso.
PET - Como você poderia descrever essa experiência?
Tarciso - Tudo o que está acontecendo aqui tem sido muito enriquecedor para mim. Primeiramente, como aluno de Ciência da Computação, tendo contato com professores diferentes, um modelo de ensino bem diferente, um ritmo de estudo mais pesado, estudando de forma mais empenhada, me esforçando para minimizar a barreira da linguagem; e com certeza, também tem sido muito importante no âmbito pessoal. Para mim, que sempre morei com meus pais, é um crescimento muito grande. Apesar de morar com outros brasileiros, tenho que resolver quase tudo sozinho. Tem contas para pagar, comida para comprar, é uma responsabilidade muito maior, que traz maturidade.
PET - Como está sendo sua rotina?
Tarciso - Na universidade em que eu estou, o sistema de ensino é bem diferente do da UFCG, e do da maioria das universidades no Brasil. Aqui os períodos não são semestrais, são trimestrais (chamados quarters), com 3 períodos por ano (Winter, Spring e Fall). Dessa forma, assuntos que seriam ministrados em um semestre, são ministrados em 10 semanas. É bem pouco tempo e o ritmo de estudo é bem mais pesado.
Todos os dias eu me acordo às 7 ou 8h da manhã, vou para a universidade, assisto as aulas pela manhã, almoço no restaurante da universidade (que é muito bom por sinal: um self-service com vários restaurantes à nossa disposição - nenhum deles com comida brasileira, infelizmente!), e à tarde fico no laboratório de computação estudando.
À noite, volto a estudar, na universidade ou em casa. e vou dormir às 23:00h - 01:00h.
Outra coisa muito interessante é que aqui todas as disciplinas requerem exercícios para fazer em casa, semanalmente, que valem uma boa porcentagem da nota. Dessa forma, os alunos não estudam apenas de véspera. Eles têm que estudar toda semana; e pode haver provas no fim do período e/ou no meio, sendo que as do final são cumulativas e obrigatórias.
PET -Como foi seu período de férias?
Tarciso - Minhas férias foram ótimas! Apesar de curtas (foi apenas 1 semana, as férias de verdade são no verão - 2 meses e meio). O que aconteceu agora foi o Spring Break, que como diz o próprio nome, é apenas um break. As aulas já começaram na semana passada. =(
Sempre que temos um feriado, tentamos conhecer um lugar diferente (em Fevereiro, conhecemos Lake Tahoe, um lago imenso e impresionante arrodeado de neve). Dessa vez, juntamos 9 brasileiros que estão fazendo parte do programa e fomos conhecer o sul da Califórnia. Visitamos San Diego, Los Angeles e Santa Barbara. Três cidades maravilhosas, cada uma com as suas peculiaridades. San Diego e Santa Barbara, muito conhecidas turisticamente, principalmente pelas belas praias.
Em San Diego, visitamos um Navio porta-aviões, da época da Segunda Guerra Mundial. Muito interessante a engenharia tão avançada que eles já possuíam na época.
Depois fomos para Los Angeles. Visitamos vários lugares interessantes. Fomos no Six Flags, um parque que possui algumas das maiores montanhas russas do mundo. Também fomos na Disneyland, o parque da Disney na Califórnia. Muito interessante as atrações dos dois parques. Muito divertido também. Ainda em Los Angeles, conhecemos a calçada da fama, o museu de cera Madame Tussauds (com bonecos dos artistas e personalidades famosos - Angelina Jolie, Brad Pitt, Eddie Murphy, Silvester Stallone, entre outros). Ainda conhecemos Beverly Hills, com suas lojas de griffe famosas e o Universal CityWalk, parque da Universal Studios, muito interessante também.
Por fim, fomos a Santa Barbara, uma cidade praieira muito interessante, muito pequena, porém muito organizada e bonita. A grande diferença com relação às praias do Brasil é que a água do mar aqui é gelada, o que não nos deixou aproveitar tanto...
PET - Quais disciplinas está cursando? Existe correspondente na grade do nosso curso da UFCG?
Tarciso - Estou cursando Análise de Algoritmos (que seria equivalente a ATAL na UFCG), Redes de Computadores e Linguagens de Programação (que seria equivalente a PLP na UFCG). A mais difícil é Algoritmos, tenho dedicado bastante tempo de estudo a ela, porém é também a mais interessante por ser desafiadora.
PET - A bolsa que recebe do Programa CsF é o suficiente para suprir suas necessidades no país em que está vivendo?
Tarciso - Sim, é mais do que suficiente. Além da bolsa da CAPES, eu recebo por mês da universidade, dinheiro para pagar o aluguel do apartamento, energia, gás, internet; uma espécie de ticket alimentação para comer no restaurante da universidade; e ainda um dinheiro extra num cartão que pode ser utilizado em vários estabelecimentos na cidade.
PET - Obrigado pela entrevista, Tarciso.
Tarciso - Por nada! Foi um prazer ser entrevistado por vocês!
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O Programa Ciência Sem Fronteiras, do Governo Federal, concederá 100.000 bolsas a alunos de graduação, pós-graduação e profissionais das áreas prioritárias (principalmente tecnologia) durante os próximos 4 anos.
Mais informações: http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf.
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