|   "O 
              mais novo Internet Explorer virá com um novo sistema antipop-up", 
              é o que dizem as manchetes. Pronto, se esse 
              sistema realmente funcionar, será o fim das infames janelinhas 
              que sempre abrem no meio da sua melhor leitura. E isso é 
              bom? Ao 
              pé da letra, "pop-up" seria algo como "pipocar 
              para cima" (sic), esquece. Leia "pop-up" como "saltar 
              aos olhos". Essa expressão deve ter uma história 
              semelhante ao do "spam", criada por um bando de nerds 
              que passavam o dia assistindo Monty Python e programando, e, assim 
              como o spam, deve ter surgido bem depois de sua concretização. 
              E mais. As semelhanças com o spam não terminam por 
              aí, há ainda seu propósito. Caímos então 
              na pergunta retórica da vez:  O que melhor 
              saltaria aos olhos que uma propaganda? Sim, ela mesmo, 
              a alma do negócio. Ou melhor, o negócio. Julgando que 
              o pop-up é considerado pela maioria uma praga, assim como 
              os spams, nada melhor que fazer com que o browser mais usado no 
              mundo - com noventa porcento do mercado mundial - ignore-os, fazendo-os 
              então perder o sentido. Só há 
              um pequeno problema. E o negócio, pra onde vai? Pensemos na 
              TV sem a pentelhação do intervalo comercial. Ótimo! 
              Programação de qualidade non-stop! Exceto por... que 
              a TV aberta só existe pela nossa velha e boa propaganda. 
               Sinto dizer 
              aos ingênuos, mas a TV grátis não é de 
              graça. A graça fica justamente em vender espaços 
              para pessoas venderem imagens, produtos ou conceitos. Sinto muito, 
              mas o programa de televisão só existe para que haja 
              espaço para os comerciais. Ou você 
              bem achava que era para educar? Já percebeu 
              a viabilidade de uma televisão sem intervalos comerciais? 
              Ah, e não vale contar com TV a cabo, via satélite 
              e afins, afinal, nesse caso, o telespectador paga pelo conteúdo 
              - e não o anunciante pelo espaço.  Sim, 
              mas voltando ao fim dos pop-ups, e a internet, sem propaganda, existiria? Uns 
              acabariam dizendo sim - mas lembre-se, estamos falando da Internet 
              como ela é hoje, não aquela chatice de antigamente, 
              só com conteúdo acadêmico ou militar. Bem, no final 
              das contas, acabaria existindo algo bem parecido, como sempre, mas 
              a diferença cairia só em um aspecto: preço. O que 
              se vê é que, na Internet, assim como em todos os lugares, 
              nada é de graça - principalmente informação, 
              que é a matéria-prima da rede. A diferença 
              cai mais uma vez em se você vai comprar a informação 
              ou vai trocar um pouco de sua atenção pela mesma porção 
              de dados. Aquele e-mail grátis que você usa acaba sendo 
              pago pelo banner que você lê na tela de login ou na 
              propaganda que "salta aos seus olhos" logo quando você 
              entra na página. No final das 
              contas, tudo tem um preço, meu filho. O que resta saber é 
              quem vai pagar o quê. O medo 
              que dá é que esse sistema antipop-up se consolide, 
              junto com o anti-spam e, com isso, pessoas juntem esforços 
              para acabar também com os famigerados banners e, assim, acabar 
              com toda forma de propaganda pela Internet - em outras palavras, 
              com todo o negócio na Internet.  Acabaríamos 
              então chegando a mais uma revolução da rede. 
              Há uma idéia de batizá-la por antecedência, 
              pensei até em um nome sugestivo para a ocasião. Algo 
              do tipo "WWWWOA", a World Wide Web WithOut Advertisements, 
              com um objetivo bem definido: sem fins lucrativos, sem dinheiro, 
              sem graça - assim como organizações filantrópicas, 
              ou cerveja sem álcool. |