| Eu odeio o Linux. É, também acho que parece mais um manifesto sem 
              fundamento contra o sistema operacional que mais vem ganhando usuários 
              atualmente. E provavelmente você pensa que sou mais um daqueles 
              que tem uma sina contra o senhor Linus Torvalds. É... e pelo que 
              me parece, você está certo. Sartre disse que o homem foi condenado a liberdade, mas o senhor 
              Torvalds acabou levando isso muito a sério. Acabou desenvolvendo 
              algo que muitos temiam. E tudo isso na pacata Finlândia. Almejada por tantos, conseguida por poucos. Depois de meses de desenvolvimento, 
              o finlandês nos presenteou com uma forma de liberdade. E como se 
              não bastasse, batizou de Linux. Não odeio o Linux por ele ser inconfiável (antes ele fosse!), ou 
              por, graças a ele, eu ter perdido noites e mais noites de sono, 
              ou ainda por sonhar em trabalhar para o grande irmão Bill Gates 
              - alguém que tem mais ódio que eu. :) Eu o odeio por ele ter sido a materialização da profecia de Sartre. 
               Ele nos deu a infame liberdade. A condição humana é não ser livre. Um claustro imposto por leis, 
              desejos e limitações.  Tente se imaginar sem qualquer tipo de restrição seja ela social, 
              física ou psicológica. Tentou? Agora retire a gravidade que você 
              havia esquecido, ou ainda seus dois olhos... o que é isso? Você 
              ainda tem forma? Viu como é difícil ter liberdade? Percebeu como 
              é difícil "free your mind"? É muito mais fácil ter o que seguir.  E é por isso que eu odeio o Linux. Eu o odeio justamente por ter me dado o livre arbítrio - e eu ser 
              incapaz o bastante de não saber o que fazer com ele.  O "sistema do pingüim", como às vezes é tratado, acabou 
              me mostrando a dura face da realidade. Como Alice ao voltar a sua 
              vida. Ou Jack, ao perceber que realmente não existia Tyler Durden. 
               Com já alguns anos na "área", percebi que quem opta pelo 
              Linux faz uma troca mais que injusta: ganha desempenho, confiabilidade 
              e, o pior, liberdade... Mas em troca de quê mesmo? Justamente isso. 
              Em troca de nada. Pode parecer confuso, mas é a mais pura verdade. Você optando pela 
              migração você só tem a ganhar, ou não. O homem criou a moda, não por querer se sentir no grupo, ou se identificar 
              com um gênero. Mas sim por ser, em geral, incapaz de não 
              ter convenções sociais. Justamente por ser bem mais fácil ter o que, ou quem, seguir. Sim, mas por que o ódio mesmo? Única e exclusivamente pela frase que sempre vem embutida na troca: 
              "você pode". Mas é claro que pode, pode muito, pode até mais ainda! Isso se você 
              for realmente capaz. O Linux mostra algo que poderia muito bem continuar na consciência 
              de todos nós: que não é o computador a nossa frente que é limitado. 
              A verdade é que somos nós os incapazes. Odeio o Linux por ele me impossibilitar de culpá-lo quando algo dá 
              errado. Ele funciona, eu que não sei operá-lo. Como uma criança 
              que diz: "o brinquedo quebrou" ao invés de "eu quebrei 
              o brinquedo". Por ele me mostrar que eu sou incapaz de fazer coisas mirabolantes 
              quando tenho todas as ferramentas para isso. Que sempre precisarei 
              de algo (ou alguém) que me auxilie numa tarefa - vide Wizards. Por ele justamente ser o que alguém, consciente de sua imperfeição, 
              mais abomina: um espelho. Eu odeio o Linux por ele me mostrar meus defeitos.   |