Doação de órgãos e tecidos
Veja as estatísticas no Brasil, e as principais dúvidas sobre o assunto.
Campanha veiculada na TV brasileira

A doação de órgãos é um tema que está cada vez mais presente na mídia e, assim, na vida de todos. Nas novelas, propagandas e filmes, os casos de pacientes esperando um transplante emocionam os telespectadores. Mas, mesmo com uma forte campanha de incentivo à doação, muitas pessoas apenas “lavam as suas mãos” e chegam ao velho pensamento: “Se não acontece comigo, não devo me preocupar”.

É normal que todos nós tenhamos nossos motivos, sentimentos e dúvidas. O que não é justificável é formar opinião antes de tirar as dúvidas. Tirando-as, com certeza o número de pessoas aguardando um doador irá diminuir.
 
Veja algumas das principais dúvidas quanto à doação de órgãos.
 
Quem pode ser doador?

Não existe restrição absoluta à doação de órgãos a não ser para aidéticos e pessoas com doenças infecciosas ativas. Existem apenas alguns critérios que são avaliados para ocorrer o transplante dos órgãos. Idade, o diagnóstico que levou à morte clínica e tipo sanguíneo são itens estudados do provável doador para saber se há receptor compatível.

Como posso me tornar um doador de órgãos?

Para ser um doador não é preciso criar nenhum cadastro. A sua decisão deve ser comunicada à sua família. Após a comprovação da morte, a família é que autoriza a doação dos órgãos por escrito.

Quando é possível doar?

Depende do tipo de doador.

Doador vivo: qualquer pessoa possuindo boa saúde pode ser um doador vivo. Este pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea (10%) e parte do pulmão. Para ser realizado o procedimento de doação a partir de um doador vivo, o receptor pode ser parente de até 4º grau, cônjuge ou, nos demais casos com autorização judicial.

Doador cadáver: após a comprovação da morte encefálica, e autorização da família, os órgãos serão transplantados para os receptores. O doador cadáver pode doar coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos e tendão.

Como posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?

O diagnóstico da morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar. Após a morte encefálica, ocorrerão várias complicações no restante do corpo, e acontecerá a morte por completo. O estado de coma não é morte encefálica. Neste estado ainda é possível a reversão dos sintomas.

Quem receberá os órgãos e tecidos?

Com a autorização da família para a doação, o hospital entra em contato com a central de transplantes da secretaria estadual de saúde, pois apenas as centrais têm acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Testes laboratoriais confirmam a compatibilidade entre doador e receptores. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.

Na Paraíba, a Central de Transplantes é localizada no Hospital de Pronto Socorro Estadual de Traumas, em João Pessoa. No site da ADOTE – Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos você pode ver todas as centrais do Brasil.

Quais órgãos podem ser aproveitados?

Um único doador pode salvar até 25 vidas! Doando os dois rins, os dois pulmões, o coração, o fígado e o pâncreas, duas córneas, três válvulas cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal (cartilagem ligada às costelas na parte anterior do tórax), crista ilíaca (parte do osso da bacia), cabeça do fêmur, tendão da patela (estrutura do joelho que liga a patela à tíbia), ossos longos, fascia lata (tecido conectivo da parte lateral da coxa), veia safena e pele.

Motivos da não doacao de órgãos no Brasil

O número de doações no Brasil ainda é pequeno, em relação à população. Uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina da Universidade Católica de Pelotas - UCPEL aponta que os principais motivos causadores são: a desconfiança no sistema de saúde e o medo de não estar morto na hora da doação. Outros dados mostram que a baixa escolaridade e o aumento da idade causam a não vontade de doar. Veja os slides com o conteúdo da pesquisa: Aqui

Por Caio César Meira Paes
(caiocmp@lcc.ufcg.edu.br)