Desde 1894, início dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 2016 será a primeira vez da realização do evento máximo do esporte mundial em terras sul-americanas. Melhor ainda, em terras tupiniquins! E o Brasil acompanha entusiasmado essa conquista, embora haja quem desaprove toda essa vitória nacional.
Como o Brasil não possui estrutura pronta para receber o evento, isto significa diretamente geração de empregos. É uma ótima perspectiva para os próximos 7 anos.
Para a população brasileira, inicialmente este evento deixará contribuições nas áreas de educação e cultura. É certo que sua presença influenciará o esporte brasileiro por um bom tempo. Este será um passo importante para o Brasil sair da “unicultura futebolística”.
Além disso, como em 2014 o Brasil sediará a Copa do Mundo de Futebol, este período compreendido entre 2014 e 2016 será de grande divulgação do Brasil no exterior. Mais uma área que crescerá no Brasil graças às Olimpíadas: o turismo.
Para a população carioca será muito mais: além do já citado acima, este evento significará melhor infra-estrutura de meios de transporte, saúde e segurança.
Entretanto, todo o gasto com as Olimpíadas está orçado em R$ 30 bilhões, e esses investimentos (em parte, federais) se concentrarão em uma única cidade (o Rio de Janeiro) e região circunvizinha. Todo o Brasil ficará de fora da festa. O mesmo Brasil que financiará o evento.
A história recente nos mostra uma verdade preocupante: Para os Jogos Pan-Americanos de 2007, que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, foram prometidas à população carioca melhorias na segurança, na saúde e nos transportes, além de infra-estrutura de hotéis, entre outras coisas; e o resultado final foi bem diferente das promessas: orçado inicialmente em R$ 528 milhões, o gasto final declarado foi de R$ 4 bilhões, e a segurança e saúde continuaram a piorar em toda a “Cidade Maravilhosa”.
Já a Copa do Mundo de Futebol, que se realizará em 2014, terá custo bem menor (orçado em aproximadamente R$ 5 bilhões), com promessas de melhoria nos transportes, segurança e rede hoteleira em várias capitais, e o investimento dos cofres públicos será distribuído pelas 5 regiões brasileiras.
É inegável que o evento das Olimpíadas é um belíssimo espetáculo do esporte e da cultura mundial. Entretanto, esses R$ 30 bilhões investidos em arenas de esportes não praticados no Brasil acabam sendo apenas desperdício em uma festa “para gringo ver”. Enquanto não resolvemos os problemas internos, mais ideal seria continuar deixando que as Olimpíadas fossem realizadas fora das nossas fronteiras.
Promessas de transparências nos gastos com as Olimpíadas foram anunciadas e já podem ser conferidas no site da Transparência Olímpica, mantido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Só esperamos que, mais uma vez, essa transparência não seja translúcida.
(abruno@dsc.ufcg.edu.br)