Personalidades Culturais: Ariano Suassuna e Agenda Cultural
Filho de ex-Presidente do estado, Ariano Suassuna é destaque no teatro e na literatura nordestina.

A sessão cultura deste jornal continua com a série Personalidades Culturais, este mês falando sobre Ariano Suassuna.

Em 1927, quando João Suassuna era presidente do estado da Paraíba, cargo que corresponde hoje ao de governador, no Palácio da Redenção, sede do governo, nascia Ariano Vilar Suassuna. Terminado o mandato de João Suassuna, a família volta para a fazenda Acauhan no município de Sousa e, em outubro, João Suassuna é assassinado no Rio de Janeiro, onde cumpria o mandato de deputado federal, vítima das divisões e lutas políticas da Revolução de 30. Após o assassinato do pai, a família de Ariano muda-se para a cidade de Taperoá, também no interior do estado, para fugir de mais perseguições. E é no sertão que Ariano passa a maior parte da infância.

Em 1942, quando Ariano tinha 15 anos, a sua família muda-se para Recife, e é na capital pernambucana que Ariano inicia sua vida literária. Em 1945, publica no Jornal do Commercio o poema Noturno.

Em 1946, quando entra para a Faculdade de Direito, junto com escritores, atores, poetas, romancistas e pessoas interessadas em arte e literatura, entre os quais, Hermílio Borba Filho, Ariano ajudou a fundar o Teatro de Estudantes de Pernambuco, que além de um movimento teatral, foi um resgate e revalorização da cultura nordestina com várias frentes de atuação na criação artística.

Entre 1946 e 1948, são publicados em revistas e suplementos de jornais seus primeiros poemas ligados ao Romance Popular Nordestino. Partindo daí, Ariano tira subsídios para suas obras teatrais. Em 1947, escreveu sua primeira peça de teatro, “Uma mulher vestida de sol”, baseada no romanceiro popular do Nordeste brasileiro e com ela ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno, em 1948.

Em 1951, volta para Taperoá para tratar do pulmão. Em Taperoá, ele escreve “Torturas de um coração ou Em boca fechada não entra mosquito” e esta peça é o núcleo de uma peça maior, “Pena e Lei”. A partir daí, ele começa a escrever comédias que vão fazê-lo famoso e para as quais ele se dedicará

mais. Em 1957, casa-se com Zélia de Andrade Lima, e com ela tem 6 filhos. No I Festival de Amadores no Rio de Janeiro, com a encenação “d’O Auto da Compadecida”, Ariano é levado à condição de um dos maiores dramaturgos. Premiada com a “medalha de ouro”, a peça foi publicada num livro no mesmo ano. Encenado em diversos países, o Auto é publicado em diversos idiomas e recebeu até hoje três roteiros para o cinema.

Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, do qual fez parte de 1967 a 1973 e do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, no período de 1968 a 1972. Foi nomeado, em 1969, Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, ficando no cargo até 1974. Em 1971, lança o romance “A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e volta”, considerado um dos romances mais importantes da Língua Portuguesa. De 1975 a 1978, foi Secretário de Educação e Cultura do Recife. Doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1976. Foi professor da UFPE por 32 anos, onde ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira.

Em agosto de 1989, foi eleito por aclamação para a Academia Brasileira de Letras, tomando posse em maio de 1990, na cadeira número 32, que pertenceu ao escritor Genolino Amado. Ingressa, em 1993, na Academia Pernambucana de Letras e em 2000 na Academia Paraibana de Letras.

Atualmente, é secretário da cultura do estado de pernambuco e dedica-se à  escrita de um novo romance com o qual pretende rever toda a sua obra.

Dramaturgo, romancista, poeta, ensaísta, defensor incansável da cultura popular, das raízes brasileiras e especialmente nordestinas, é autor de várias obras: Uma mulher vestida de sol (1947): O desertor de Princesa (1948); Os homens de barro (1949, inédita); Auto de João da Cruz (1949); O arco desabado (1952); Auto da Compadecida (1955); O santo e a porca (1957); O casamento suspeitoso (1957); A pena e a lei (1959); Farsa da boa preguiça (1960); A caseira e a Catarina (1962); Romance d´a pedra do reino e o príncipe de Sangue do Vai-e-Volta (1971, traduzida para o inglês, alemão, francês, espanhol, polonês e holandês).

Para finalizar, um pequeno poema de Ariano.

O Mundo do Sertão

Diante de mim, as malhas amarelas

do mundo, Onça castanha e destemida.

No campo rubro, a Asma azul da vida

à cruz do Azul, o Mal se desmantela.


Mas a Prata sem sol destas moedas

perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;

e a Marca negra esquerda inesquecida

corta a Prata das folhas e fivelas.


E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,

que até o fim, serei desnorteado,

que até no Pardo o cego desespera,


o Cavalo castanho, na cornija,

tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,

ladrando entre as Esfinges e a Pantera.


Agenda Cultural

O quê: Oficina de Dramaturgia Leituras em cena com Diego Molina do Rio de Janeiro

Quando: de 16 a 18 de novembro

Onde: SESC Centro

Quanto: 1kg de alimento não perecível


O quê: IV Mostra de Dança da Passo-a-Passo

Quando: 22 de novembro (sábado) a partir das 20h

Onde: Teatro Municipal Severino Cabral

Quanto: R$ 8 Estudante e R$ 16 Inteira


O quê: Espetáculo Nordeste em Festa com os Tropeiros da Borborema

Quando: 23 de novembro

Onde: Teatro Municipal Severino Cabral

Por Saulo Henrique L. de Medeiros