Ciência da Computação não é só software
Por Mayza Nunes
(mayza.farias@ccc.ufcg.eu.br)
Nosso curso é notavelmente voltado para o desenvolvimento de software, porém podemos exercer outras atividades e com muito sucesso. Os integrantes do LAD, por exemplo, projetaram o microchip mais complexo do Brasil.

Não é novidade que o curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) tem um grande leque de pesquisas e projetos em várias áreas do conhecimento. São vários laboratórios como, por exemplo, o Laboratório de Sistemas distribuídos (LSD), o Laboratório de Arquiteturas Dedicadas (LAD), o Laboratório de Práticas de Software (SPLab) e o Laboratório de Sistemas da Informação (LSI).

Grande parte desses projetos e pesquisas é referente ao desenvolvimento de software. Porém, Ciência da Computação não se restringe a tal tarefa. Os alunos também são capazes de projetar hardware, dado o conhecimento adquirido nas disciplinas Organização e Arquitetura de Computadores e Laboratório de Organização e Arquitetura de Computadores, assim como nos treinamentos oferecidos pelo LAD. Essas disciplinas são cursadas, usualmente, por alunos do quarto período letivo e ministradas, em 2012.1, pela professora Doutora Joseana Macêdo Fechine Régis de Araújo (tutora do Grupo PET Computação) e pelo professor Doutor Elmar Uwe Kurt Melcher, respectivamente.

Como destaque da atuação da UFCG no âmbito do desenvolvimento de hardware, essa semana foi divulgado, principalmente nas redes sociais e nos jornais locais, o projeto SPVR (Speaker Verification) do Laboratório de Arquiteturas Dedicadas. O mesmo foi feito no contexto do Brazil Intelectual Property (Brazil IP), que é um consórcio constituído por universidades brasileiras (UNICAMP, USP, UFPE, UFCG, UFRGS, UFMG, UnB, PUC-RS, UEFS, UFC, UFPA, UFPB, UFRN, UFS, UFSC, UFSM, UNIFEI, UNIPAMPA e UNIVALE) para a formação de recursos humanos qualificados para o projeto de hardware no Brasil. O projeto com inicio em 2009 foi desenvolvido por uma equipe formada pelos professores supracitados e pelos alunos de Ciência da Computação e de Engenharia Elétrica da UFCG. Cerca de 20 estudantes já participaram em algum momento do projeto, contribuindo nas diversas fases de desenvolvimento.

Trata-se do chip mais complexo produzido no Brasil, tirando o posto do chip MPEG-4, que também foi produzido pelo Laboratório de Arquiteturas Dedicadas na UFCG. O chip tem um tamanho de 55 mm², foi fabricado utilizando a tecnologia 0.35µm da foundry X-FAB e encapsulamento da empresa EquipIC, sendo composto por 1 milhão e 200 mil transistores. A principal característica desse chip é a capacidade de reconhecer um locutor a partir da sua voz, cujas técnicas aplicadas à modelagem do sistema são resultado da pesquisa de pós-graduação da professora Doutora Joseana Macêdo Fechine Régis de Araújo, com algumas inovações e adequações para implementação em hardware definidas pelos demais membros da equipe, sob a orientação do professor Doutor Elmar Uwe Kurt Melcher.

O reconhecimento da identidade vocal consiste em extrair parâmetros da voz de um locutor e definir um modelo que preserve suas características vocais. Dessa forma, é possível verificar a identidade de alguém a partir da da voz, executando uma comparação entre as características vocais de um locutor a ser verificado e um padrão de referência previamente armazenado no sistema. Informações mais detalhadas sobre o projeto estão disponíveis no site do LAD.

O projeto proporcionou algumas publicações, uma delas ocorreu no evento IP-SOC (IP Based Eletronics System Conference and Exhibition), realizado em Grenoble na França, em 2010, um dos eventos mundias de referência na área de microeletrônica, sob o título de "SPVR: An IP core for Real-Time Speaker Verification". Quando a informação chegou aos graduandos, foi motivo de muita admiração, como pode-se perceber quando a imagem abaixo teve mais de 2400 compartilhamentos no facebook.

Contagiados com tanta admiração e orgulho, o exemplo de esforço deve servir de estímulo e inspiração aos demais acadêmicos que também travam suas lutas diárias frente às pesquisas.

Jornal PETNews - Edição: Jeymisson Oliveira - Revisão: Savyo Igor e Joseana Fechine
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