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Inclusão digital para deficientes físicos |
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"Pensar numa sociedade melhor para as pessoas deficientes é necessariamente também pensar numa sociedade melhor para todos nós." - Emílio Marcondes Ribas. No PETNews desse mês, veremos como a informática contribui para a evolução da sociedade segundo Ribas. |
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Imagine passar uma semana sem acessar seu e-mail, ou aquele site salvo nos “Favoritos”. Pior seria se no lugar de uma semana fosse uma vida inteira, caso o acesso fosse prejudicado por uma deficiência física. Ser excluído do “mundo virtual” por ser deficiente físico já é coisa do passado, graças aos avanços da tecnologia. ![]() Estudante navegando na internet
usando o comando de voz. Pessoas com deficiência têm acesso ao computador através de recursos adaptados. Já existem, no mercado, vários softwares e periféricos que foram desenvolvidos para auxiliar pessoas com necessidades especiais. A versatilidade dos softwares e periféricos adaptados possibilita a acessibilidade das pessoas com necessidades especiais ao sistema bancário, à educação à distância, cultura, notícias, entretenimento, e vários outros recursos disponíveis pela internet". Isto torna mais viável a participação de pessoas com deficiência na sociedade e diminui a distância entre o querer e o poder. O quadro a seguir apresenta alguns desses recursos tecnológicos, porém, nele não consta a deficiência mental, pois é difícil encontrar um padrão para desenvolver adaptações de periféricos e softwares para usuários com esse tipo de deficiência.
![]() Escritor Glauco Mattoso
Cego há mais de dez anos, o escritor Glauco Mattoso diz que escreveu mais na última década do que quando enxergava. O escritor estima ter produzido cerca de 20 obras com o auxílio de softwares especiais, como o DOSVOX, criado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Por não ser cego de nascença, nunca consegui me adaptar ao braile. Trabalho com um teclado normal e o programa lê o que estou digitando", explica Mattoso. O software Cartavox encarrega-se da leitura das mensagens eletrônicas. "Tenho autonomia. Posso usar o e-mail ou pegar um número de telefone na minha agenda digital sem precisar de ajuda", afirma o escritor. Pessoas com deficiência visual também não ficam fora do mundo dos games, pois desenvolvedores de jogos têm criado versões baseadas em sons para serem jogadas por cegos. De acordo com reportagem publicada no site da revista "Wired", são vendidas mais de 3.000 dessas versões por ano. A primeira versão desenvolvida foi Shades of Doom lançada em 1998, que é uma adaptação do famoso “Doom”. Desenvolvedores como All in Play, Audiogames, Accessible Game Developers e Blindsoftware.com criam recursos para dar emoção às disputas, como por exemplo, no jogo “Drive”, a música é acelerada na mesma proporção em que o jogador acelera o carro. Já em “Galaxica”, o som estéreo ajuda o jogador a descobrir onde estão os alienígenas nos quais precisa atirar para vencer o jogo. ![]() Mouse anti-tremor.
No mês de março de 2005, foi anunciado no Reino Unido o lançamento de um mouse antitremor para portadores do mal de Parkinson e de outros tremores especiais. Desenvolvido pelo pesquisador da IBM, Jim Levine, o mouse consegue diferenciar os movimentos voluntários dos movimentos causados pelos tremores. De acordo com a Fundação Nacional de Tremor do Reino Unido, 3 milhões de britânicos sofrem de algum tipo de tremor. As pesquisas na área da inclusão de deficientes físicos não param de surgir. No grupo PET Computação da UFCG foi desenvolvido o MATRACA, que visa auxiliar deficientes visuais em atividades relacionados ao uso do computador, a exemplo da edição de um texto, uso de uma calculadora e envio de e-mail. Esse auxílio é proporcionado a partir do retorno audível de todas as ações executadas na ferramenta. O software é implementado em Java e o sintetizador usado é o FreeTTS. A interface do software foi alterada para atender melhor às necessidades do usuário e foram realizados diversos ajustes visando tornar o aplicativo mais eficiente. O próximo passo, no desenvolvimento do MATRACA, é a integração de um sintetizador para a língua portuguesa que seja gratuito e de boa qualidade. Como podemos ver, o desenvolvimento tecnológico oferece novas maneiras para otimizar o manuseio do computador pelas pessoas com deficiência, proporcionando a democratização da informação, do lazer e da cidadania. Logo, a informática contribui para uma melhor inclusão de deficientes físicos, contribuindo assim para a melhoria da sociedade, como dito pelo sociólogo Emílio Marcondes Ribas. |
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Por Márcio de Carvalho Saraiva (marcio@dsc.ufcg.edu.br) |