Pontos fracos do Software Livre comparado ao Software Proprietário
O software livre vem a cada dia ganhando espaço no mercado, mas, ainda sofre desvantagens em relação ao software proprietário.

O software livre vem a cada dia ganhando espaço no mercado, mas, ainda sofre desvantagens em relação ao software proprietárioERRATA 1.

Na matéria anterior, foram destacados pontos positivos do software livre focando em seus benefícios para o Estado. Entretanto, os programas livres apresentam alguns pontos negativos que merecem ser levados em consideração. Interface de usuário não uniforme nos aplicativosERRATA 2, instalação e aplicação difícil em sua maioria e mão de obra custosa ou escassa para o desenvolvimento e suporte, são as principais desvantagens deste tipo de software.

A vantagem do desenvolvimento centralizado1, no caso do software proprietário, é a existência de um padrão bem definido para a interface de usuário entre vários aplicativos, o que não ocorre com o software livre, já que o desenvolvimento é de forma descentralizada e não se tem um padrão definido para a interface. No Linux, cada distribuição possui uma maneira de instalar e configurar pacotes de programas. Na página do Skype, por exemplo, existem 11 opções para escolha*. Em geral, quando comparado aos programas proprietário, os programas livres são mais difíceis de instalar e configurar principalmente por usuários inexperientesERRATA 3.

Apesar do número crescente de usuários de software livre, especificamente do sistema Linux, ainda não há uma demanda suficiente de técnicos qualificados que torne os custos mais baixos e acelere o desenvolvimento, suporte e administração dos sistemas. Enquanto isso, para o sistema Windows existe pessoal capacitado para dar suporte técnico em abundância, devido à grande massa de usuáriosERRATA 4.

Outro ponto a lamentar, é o fato de muitos aplicativos não estarem disponíveis para sistemas de software livre, como o LinuxERRATA 5. Por exemplo, até o ano passado, o programa Receitanet da Receita Federal estava disponível apenas para o sistema Windows. Depois de muitos pedidos de usuários do sistema Linux, o governo desenvolveu um software compatível. Entretanto, Joaquim Adir, supervisor da Receita, revelou que "pouca gente" utilizou, e como consequência disto, a partir do próximo ano, o software não estará mais disponível. Segundo ele, o custo para desenvolver o aplicativo não é compensatórioERRATA 6.

Apesar das desvantagens do software livre, existe uma grande lista de recursos em fóruns, listas de discussão, wikipages, e-groups e diversos sites que servem como apoio e suporte técnico.

Em resumo, considera-se que o software proprietário é vantajoso em relação ao software livre, porque possuem maior facilidade de instalação e manuseio, tem apoio e suporte técnico oferecidos pelo fornecedor e contribui para o crescimento da economia, à medida que aumenta o número de empresas que desenvolvem software para atender a crescente demanda do mercadoERRATA 7.

Visite os sites:

ERRATA 1:

O software livre vem a cada dia ganhando espaço no mercado, mas, será que ainda apresenta desvantagens em relação ao software proprietário?

As ERRATAS apresentadas a seguir são o resultado da colaboração significativa de Matheus Gaudêncio (graduado em Ciência da Computação e mestrando em Ciência da Computação – UFCG) e de Erick Moreno (graduado em Ciência da Computação – UFCG)

ERRATA 2:

Mesmo sendo os softwares livres desenvolvidos por grupos distintos, se eles estiverem ligados ao mesmo ambiente gráfico, e seguirem o padrão adotado, serão consistentes entre si. Exemplos de softwares livres com interfaces consistentes (Gnome): abiword, beagle, epiphany, evolution, evince, inkscape, gnumeric, gnucash. Mais exemplos de softwares livres com interfaces consistentes entre si (KDE): okular, gwenview, kamera, dolphin, konqueror, konsole, ...

A própria Microsoft está incentivando a inconsistência dos softwares dentro do próprio ambiente gráfico: o Ribbon (a mais nova interface adotada pela empresa) apresenta implicações legais que podem impedir sua fácil adoção (referência).

Como o mundo livre oferece mais de um ambiente gráfico, e aplicações são desenvolvidas para tais ambientes, existe o problema de inconsistência da interface e de certas funcionalidades ao se utilizar um aplicativo feito para um ambiente em outro ambiente. Boa parte de tais problemas foi resolvida, e a freedesktop.org tem trabalhado cada vez mais no sentido de permitir tal integração (com bons resultados).

Vale destacar, que um usuário pode obter uma interface muito consistente utilizando apenas um ambiente livre, como o Gnome ou KDE. Ou ainda, trabalhar com aplicativos de diferentes ambientes que apresentem alguma inconsistência (o que não é diferente do mundo proprietário). Quem migrou do Microsoft Office 2003 para o 2007, observe bem essas inconsistências, a exemplo também de quem usa versões server dos sistemas da Microsoft, bem como dos inúmeros antivírus e outros tantos softwares do mercado.

A existência de diferentes ambientes pode ser visto também como algo positivo: permite escolha, opções. O usuário usa a que mais se adequar ao seu interesse.

Uma possível referência.

ERRATA 3:

O Skype É PROPRIETÁRIO, apresentando 11 opções de instalação. Para entender este mundo, é preciso entender de 4 combinações possíveis de softwares:

  • Software livre, instalado num SO livre;
  • Software proprietário, instalado num SO livre;
  • Software livre, instalado num SO proprietário;
  • Software proprietário, instalado num SO proprietário.

Primeiro cenário: a instalação costuma ser direta e simples. Com ambos sendo softwares livres, a distribuição e integração de ambos é bem mais fácil, e assim, a instalação tende a ser direta (basta o SO prover a aplicação). Exemplo: instalação de um software livre como o Gimp no Debian envolve não mais do que selecionar o gimp num gerente de pacotes e clicar em instalar.

Segundo cenário: costuma ser igualmente fácil, se a empresa cooperar. Exemplo: a instalação do próprio Skype e do Oracle no Debian é direta: implica em adicionar mais um repositório de software no sistema, selecionar o programa, e clicar em instalar.

Terceiro e Quarto cenários: Software livre e software proprietário em SO proprietário não é complicado. Sem a possibilidade de uma fácil integração de ambas as partes, isto costuma ser um problema com bibliotecas e em outros aspectos. Instalar um software neste cenário significa ir à página do software e procurar uma versão adequada. Para tanto, é necessário baixar esta versão, descobrir como instalar, instalar e esperar que o procedimento ocorra de forma adequada. A exceção ocorre quando os softwares são fornecidos pela mesma empresa que faz o SO (mesmo assim, ainda é possível ocorrer erro).

Destaca-se também, que a atualização de softwares livres/proprietários em um SO livre costuma ser centralizada e garantida. Isto porque o arcabouço de instalação fornece isto de forma transparente. Em software proprietário, cada aplicação tende a fornecer o próprio mecanismo de atualização (Entretanto, a Microsoft tem trabalhado nisto).

Quanto à configuração, mesmo comparando SO proprietários e livres, como a configuração do Windows XP/Vista em relação ao Ubuntu, o último parece ser mais "fácil" de configurar para alguns, em especial: aspectos como segurança, permissão do usuário, rede, dentre outros.

Quanto a aplicativos, não é possível afirmar que mais difícil configurar um software livre do que um proprietário, sem uma investigação mais aprofundada.

ERRATA 4:

Se custo for baseando-se em TCO (Total cost of ownership), o estudo financiado pela Microsoft pode ser questionável. (referência).

Quanto ao pessoal capacitado, considerando o usuário final, não se pode afirmar que o atendimento da Microsoft ajude, efetivamente, na solução de um problema.

Nos softwares livres há muita documentação, fórum, canais de comunicação (irc), para tirar dúvidas e resolver problemas, porque há uma comunidade focada nisso que é ligada diretamente ao desenvolvedor e aos usuários mais experientes. Em se tratando de um suporte não adequado de um software proprietário, não é possível recorrer a outra empresa para pedir ajuda.

Porém, vale destacar, que quando se destaca empresas, software livre oferece um ótimo serviço de suporte por terceiros. Este serviço é pago, mas tende a ter um valor bem menor do que o custo de um software proprietário concorrente.

ERRATA 5:

Apesar de a discussão tratar de Software Livre x Software Proprietário, foi dado ênfase a Linux x Windows. Ao abordar este aspecto, é exibido outro problema do software proprietário: em sua maioria, ele não é portado para plataformas livres. Quando o código é aberto, ele tende a receber contribuições que podem torná-lo portável.

Vale ressaltar, que mesmo uma plataforma livre, hoje, tem maneiras inteligentes de rodar softwares proprietários com emulação e virtualização.

ERRATA 6:

Ressalva-se que a Receita não implementará um software para plataformas específicas (Exemplos: Mac OS e Linux). O software disponibilizado pela receita é feito em Java e independente de plataforma, o que já faz algum tempo, e não há pretensão de modificação nesse sentido. Portanto, não existe versão do software para Linux, bem como para Windows ou para Mac OS.

Mais informações no site da Receita Federal.

ERRATA 7:

Software Livre é um modelo comercial de desenvolvimento de software.

Pequenos softwares desenvolvidos por hobby ou na academia, por exemplo, têm como vantagem serem livres para permitir agregar mais pessoas que estejam interessadas em criar uma comunidade que faça tal software crescer. Ou ainda: permitem que os desenvolvedores ganhem renome pelo uso de tais ferramentas, ou incentivam a pesquisa em torno destes softwares. Se estes aplicativos fossem lançados comercialmente, teriam um valor muito baixo, num mercado pequeno, e um custo muito alto para prover suporte, manter um responsável jurídico, etc.. etc...

Softwares livres de médio/grande porte podem se basear em vários modelos comerciais:

  • Empresas de software precisam de um software em comum, então criam uma comunidade (ou participam de uma existente) e financiam o desenvolvimento deste software livre (ex.: Python, GTK, Linux);
  • Uma empresa de software pode oferecer uma versão base livre e criar extensões proprietárias sobre este software livre de base (ex.: Jive, o antigo Darwin - usado pelo MacOS, GForge);
  • Um software livre pode existir com uma empresa que presta suporte pago para apoiar o desenvolvimento de tal ferramenta (ex.: Ubuntu, Redhat);
  • E muitos outros modelos.

Uma referência contendo parte destes modelos (e alguns outros).

Uma referência com enfoque no modelo de suporte

A criação de empregos no desenvolvimento de software proprietário existe principalmente no país em quem a empresa se baseia. Todo o custo para desenvolver o Windows foi pago aos desenvolvedores da Microsoft que não estão no Brasil. Ao incentivar o uso de software livre, as empresas criadas e que operam sobre o software livre tendem a beneficiar o mercado local: adaptando software livre para o mercado local, prestando suporte a tais ferramentas na sua região.

É importante destacar, que não se deve concluir que todo software fechado é pago ou que todo software gratuito é livre e ainda que todo software livre é feito apenas por um grupo sem nenhum formalismo. Esse aspecto precisa ser bem esclarecido para que seja possível afirmar as diferenças entre os dois tipos de software e, consequentemente, as desvantagens de cada um.

Diante dessas observações, é preciso reavaliar quais são os pontos fracos do software livre.

Por Natã Venancio de Melo
(natanvm@dsc.ufcg.edu.br)