Grupo PET - Olá Diego, primeiramente fale um pouco sobre você.
em uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.
Diego - Antes de tudo, gostaria de agradecer o convite para a entrevista. Fiquei muito feliz em poder voltar às páginas do PetNews.
Sou natural de Campina Grande e ingressei em Ciência da Computação no período 2006.1. Me formei após quatro anos e estou no mestrado desde então.
Fui petiano por dois anos e, desde 2008, tenho trabalhado no GMF, que agora se chama SPLab. Inicialmente, trabalhei com o professor Rohit e, agora, sou orientado no mestrado pelos professores Dalton e Jorge.
Durante a graduação, fui monitor de Programação I, Estrutura de Dados e Laboratório de Engenharia de Software. Como pesquisador, ganhei dois prêmios internacionais de melhores trabalhos de iniciação científica.
Atualmente, pesquiso na área de evolução de software, sou programador Java certificado e, há 3 anos, tenho trabalhado com desenvolvimento de software, utilizando Grails e Groovy, o que me motivou à abertura de uma empresa, juntamente com alguns amigos.
Grupo PET - Como surgiu o interesse em trabalhar no Google?
Diego - O interesse sempre houve. Afinal, há anos, o Google figura entre as cinco melhores empresas para se trabalhar no mundo.
Grupo PET - Como soube da oportunidade de estágio? Como ocorreu o contato entre você e a empresa?
Diego - A minha entrada no processo de seleção ocorreu de forma diferente do habitual, pois não fui eu que busquei o estágio.
Em fevereiro, recebi um e-mail de uma recrutadora da empresa me informando que um ex-aluno da UFCG e atual engenheiro de software do Google tinha me indicado para participar de processo de seleção para trabalho. Isso é uma atitude comum em algumas empresas, já que os seus funcionários recebem incentivos para indicar profissionais para seleção.
Apesar do convite inicial ter sido para seleção de emprego, como estou no mestrado e só concluirei no meio do próximo ano, tive que fazer seleção para estágio, já que não poderia assumir o cargo imediatamente, caso fosse aprovado na outra seleção.
Grupo PET - Você pode nos contar como é o processo de seleção? Quais são as etapas?
Diego - Todo o meu processo de seleção durou longos dois meses (de fevereiro a abril). O processo do Google se divide basicamente em três etapas: triagem feita pelo recrutador, entrevistas técnicas e entrevista com um líder de projeto.
Na primeira etapa, eles avaliam o perfil do candidato a partir de algumas informações, tais como histórico escolar, linguagens de programação preferidas e aptidão para algumas áreas (desenvolvimento, testes, administração de sistemas, etc.).
Na segunda etapa, caso o candidato passe pela triagem inicial, são realizadas duas entrevistas técnicas de 45 minutos cada, por telefone, com engenheiros do Google. Essas entrevistas servem para aferir o nível de conhecimento do candidato na solução de problemas e em programação (estrutura de dados, testes, design e algoritmos). É nessa fase que a maioria dos candidatos é reprovada.
Por fim, caso o candidato seja aprovado nas entrevistas técnicas, o recrutador busca um projeto dentro do Google que se encaixe com as suas aptidões. Então, o líder do projeto escolhido faz uma outra entrevista por telefone, para verificar se o candidato se interessa pelo trabalho e também para decidir se aceita ou não o estagiário.
Depois dessa entrevista, se for aceito pelo líder, o setor de recursos humanos envia a proposta de estágio (ufa!), especificando o salário e benefícios.
Grupo PET - Qual será sua área de atuação na empresa? Você vai trabalhar em que projeto?
Diego - Serei estagiário em engenharia de software.
Apesar do termo "estagiário", não há muita distinção entre funcionários e estagiários. Durante todo o período de estágio, terei um crachá de funcionário e poderei usufruir de todos os benefícios que o Googleplex oferece:
Quanto ao projeto no qual irei trabalhar, ele ainda não é público, então não posso dar mais detalhes. Só posso dizer que é um serviço que o Google lançará em breve e será voltado a desenvolvedores. Trabalharei numa equipe composta por cinco engenheiros e o projeto já tem quase um ano de desenvolvimento.
Grupo PET - Qual será o período do estágio e onde irá morar?
Diego - Será de 19 de Julho a 21 de Outubro.
Apesar de trabalhar na sede do Google, em Mountain View, vou morar em San Francisco, que é uma cidade vizinha e mais desenvolvida.
Grupo PET - É inevitável não ter curiosidade... E quanto à remuneração? Pode revelar o valor? :)
Diego - Eu tenho um contrato de sigilo assinado. Então, não posso revelar informações desse tipo.
O que eu posso dizer é que receberei o mesmo salário que um engenheiro de software recebe na empresa mais uma ajuda de custo para a viagem. O salário é muito maior do que qualquer outro que já vi aqui no Brasil. Realmente, foi uma proposta irrecusável.
Grupo PET - Após o estágio, quais são os próximos planos?
Diego - A única certeza que eu tenho no momento é que voltarei para terminar o mestrado, pois isso é requisito obrigatório do estágio. Depois disso, ainda não decidi o que farei. Ainda tenho muito chão pela frente... meu foco agora é no mestrado e no estágio que está por vir.
Grupo PET - E para encerrar a entrevista, quais seriam suas recomendações finais para quem tem interesse em estagiar no Google?
Diego - Estude programação e busque oportunidades.
Pelo nível das entrevistas, percebe-se a importância de esforçar-se para realmente aprender os assuntos de algumas disciplinas, como as de programação, estrutura de dados, lógica e análise técnica de algoritmos (ATAL). Além disso, livros como Programming Interviews Exposed (http://www.piexposed.com) e Programming Pearls (http://cm.bell-labs.com/cm/cs/pearls) sempre ajudam.
Também é essencial estar sempre atento às oportunidades. Para estágio, é importante ficar de olho na página do Google Students (http://www.google.com/intl/en/jobs/students/). Os perfis @googlestudents e @googlejobs também anunciam oportunidades frequentemente.
No mais, é acreditar no seu potencial. Não fui o primeiro e nem serei o último graduado em computação na UFCG a fazer parte do time de grandes empresas. O importante é estar preparado e correr atrás das oportunidades.