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Dormência, fadiga, fraqueza muscular e vertigens? Cuidado! Isso pode ser Esclerose Múltipla |
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Cláudia Rodrigues (humorista brasileira), Santos Dumont (pai da aviação) e Clive Burr (ex-baterista da banda Iron Maiden), todos eles têm pelo menos algo em comum: a EM (Esclerose Múltipla). Mas você sabe o que é isso? No PETNews deste mês, conheça um pouco sobre essa doença que atinge vários jovens e adultos. |
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O primeiro caso de Esclerose Múltipla (EM) que se tem conhecimento é o da freira holandesa Lidwina de Schiedam (1380-1433) que descreveu os sintomas de uma doença que ela padecia desde os 16 anos e que tem muito em comum com a EM. A primeira descrição científica da doença, com detalhes médicos e ilustrações a respeito de suas características, foi feita no século XIX pelos médicos ingleses Robert Hooper, Robert Carswell e o francês Jean Cruveilhier. Mas, a doença só foi reconhecida pela Medicina em 1860, devido ao trabalho do médico neurologista francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), que sintetizou e acrescentou observações significativas às pesquisas de seus predecessores. Desde então, pesquisas são realizadas em torno desta doença para descobrir causas, curas, etc. Mas o que é exatamente a Esclerose Múltipla? É uma doença neuroimunológica (envolve sistemas nervoso e de defesa) em que as camadas de mielina que envolvem as fibras nervosas (responsáveis pela transmissão das mensagens entre cérebro e o resto do corpo) são deterioradas. Uma das hipóteses mais aceitas é que essa deterioração é causada pelas próprias células de defesa do organismo, devido a um distúrbio no sistema imunológico. Mas, as causas certas da doença ainda são desconhecidas, apesar de se saber que é mais comum em mulheres que em homens e manifesta-se, em média, entre os 18 e 45 anos de idade. Os sintomas variam de acordo com a área afetada do cérebro, ou seja, do tipo de neurônio afetado. Em cada indivíduo, sintomas diferentes são apresentados tendo como os mais comuns a dormência, fadiga, fraqueza muscular, baixa visão, vertigens, paralisia em um ou mais membros (pode durar horas, dias, semanas ou meses), choro súbito, incontinência fecal e urinária e dificuldade na fala. A grande maioria dos portadores dessa doença tem crises cujos sintomas aparecem e desaparecem em diversas intensidades, podendo ou não deixar sequelas. A seguir, um quadro com os possíveis sintomas da Esclerose Múltipla.
Como muitos desses sintomas são também sintomas de outras doenças, a EM não é imediatamente identificada e é preciso um neurologista experiente para suspeitar da doença. Para um diagnóstico correto, é necessário realizar diversos exames como ressonância magnética (atualmente, o mais eficiente para detectar lesões no sistema nervoso), líquido cefalorraquidiano, potenciais evocados e outros. Figura 1. Aparelho de ressonância magnética à esquerda e exame de ressonância de um paciente com EM (note as lesões no cérebro) à direita.
Um dos principais problemas para um doente com EM é a invalidez progressiva, pois, 20 anos após o surgimento dos primeiros sintomas da doença, somente um terço dos doentes será capaz de trabalhar normalmente. Ainda antes de completar 20 anos de doença, a maioria necessitará de cadeira de rodas para se movimentar. Em cada paciente, a doença evolui de uma forma diferente (uns mais rápido, outros mais devagar). Como essa doença não tem cura, o intuito do tratamento é o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de evitar possíveis infecções de órgãos, ou seja, o tratamento se prende a ações que atrasarão o progresso da doença e promoverão o alívio dos sintomas. A fisioterapia e hidroterapia, por exemplo, mantêm o paciente ativo e com forças nos membros inferiores (os mais afetados). Para minimizar os desconfortos respiratórios, são utilizados exercícios para desobstruir os brônquios, para reexpansão pulmonar e para reeducação diafragmática e da musculatura acessória (com uso de incentivadores respiratórios). Além disso, usam-se antivirais como Amantadina, Aciclovir, Interferon, Imunossupressores, ACTH e Corticóides que minimizam alguns dos sintomas da doença. Também é importante cuidar da saúde mental do paciente, uma vez que alguns entram em depressão. No Brasil, 10 em cada 100 mil habitantes têm a EM e esta doença é muitas vezes confundida com doenças mais simples como a labirintite. A Esclerose Múltipla raramente é fatal, podendo-se morrer por complicações secundárias como infecção urinária ou respiratória grave. Por isso, a observação, o diagnóstico precoce e o tratamento médico são muito importantes. Para mais informações, visite o site da ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla). |
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Por Izabela Vanessa de Almeida Melo (izabela@dsc.ufcg.edu.br)
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