Doação de Órgãos
Tomando decisões a favor da vida.

A falta de doadores de órgãos faz com que muitos brasileiros esperam ansiosos na fila de transplante pela oportunidade de recomeçar a vida.

Na doação de órgãos, existem dois tipos de doador. O primeiro é denominado “doador vivo”, que deve ser um cidadão maior de idade e capaz juridicamente, apto a doar. Neste caso, há algumas restrições legais, de idade e saúde, tais como:

  1. Restrições legais: a doação de órgãos ocorre entre pessoas com parentesco consangüíneo de até quarto grau, ou seja, a doação pode ocorrer entre pais, filhos, avós, tios e primos. Também podem doar, cônjuges e pessoas que possuem autorização jurídica, exceto em caso de transplante de medula óssea, em que a autorização é desnecessária;
  2. Restrições de idade: o doador, geralmente, deve ter até 60 anos. No entanto, há alguns casos, como no transplante de fígado, que o doador pode possuir até 80 anos. Em caso de menores de idade, a doação só pode ocorrer com a autorização dos pais ou responsáveis;
  3. Restrições de saúde: é necessário que o doador faça exames de HIV e hepatite B e C, além de provas de função hepática, renal e pulmonar.

Há também o doador não-vivo, que deve passar por um sistema de captação de órgãos, que funciona a partir dos seguintes passos:

  1. Identificação de um doador em potencial: um paciente em potencial é aquele com morte encefálica, geralmente vítima de traumatismo craniano ou AVC. Para isso, é necessária uma notificação do diagnóstico da morte, obrigatória por lei;
  2. Notificação à Central de Transplantes: notificação à Central de Transplantes sobre o paciente com suspeitas de morte encefálica (doador em potencial);
  3. Avaliação do doador: a avaliação é feita com base na história clínica, nos antecedentes médicos e exames realizados em laboratórios, buscando verificar a viabilidade dos órgãos;
  4. Informações do doador efetivo: repasse para a Central de Transplantes das informações obtidas pela avaliação, bem como do local e da data para a extração dos órgãos;
  5. Seleção dos receptores: a Central de Transplantes emite uma lista de receptores, a partir da Lista Única de Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde – na qual são inscritos todos os pacientes que necessitam de transplantes;
  6. Identificação das equipes transplantadoras: ao receber as informações do doador efetivo, a equipe responsável pelo transplante decide se irá ou não utilizar o órgão doado, já que o conhecimento do estado atual e das condições clínicas do paciente pertence ao médico;
  7. Extração de órgãos: a equipe realiza a extração no hospital onde se encontra o doador e, em seguida, se dirige para o seu hospital de origem, para realizar o transplante;
  8. Liberação do corpo: o corpo é entregue à família, totalmente recomposto.

A falta de doadores de órgãos ainda é um obstáculo para concretizar muitos transplantes em hospitais do Brasil. Até mesmo quando há disponibilidade do órgão de um doador vivo, os transplantes ainda são poucos diante da grande demanda de pacientes na fila de cirurgia.

A existência de um pequeno número de doadores de órgãos voluntários é reflexo da resistência da sociedade brasileira, produto do preconceito. Além disso, há também a falta de comunicação e informação, fatores indispensáveis para conscientizar, de forma mais abrangente, a população sobre o tema.

Buscando ultrapassar essas barreiras, com a ajuda e participação dos governos e da sociedade, será possível aumentar o número de doações de órgãos no Brasil, significantemente. Já que, em muitos casos, a única esperança de um paciente está no transplante de órgãos.

"O que aprendi, e digo para as pessoas que estão na mesma situação, é nunca desanimar, manter sempre a cabeça erguida e ter força para fazer tudo o que é preciso. Se pudermos ajudar uma pessoa que necessite de transplante isso já nos deixará preenchida como ser humano. As pessoas precisam ser informadas. Assim elas vão descobrir que há muitas formas de ajudar".

Silvia Andréa, mãe do jovem corredor Gustavo Henrique Matos, que teve o rim transplantado.

Por Danielle Chaves de Medeiros