O único paliativo razoável que achei para uma tarde sem muita imaginação para crônicas foi: "como fazer crônicas sem ter a menor inspiração". Bem que eu poderia ter feito esta crônica sobre algum termo mais piegas e clichê, como Lula ou greves, mas vou deixar esses temas para momentos de total desespero.

        Inicialmente, um atributo que talvez não seja fundamental, mas com certeza é bastante recomendado para que você seja um bom cronista, é a "alma sebosa", desculpe-me pela palavra mas é um termo técnico. Um exemplo claro disso seria Diogo Maynard, ele fala mal de absolutamente tudo em suas crônicas, se ele fizesse uma crônica sobre o racismo, começá-la-ia dessa forma: "Eu desprezo e desejo a aniquilação dessa escória da sociedade que discrimina esses seres inferiores da sub-raça negra", se não começasse assim, seria algo muito parecido, talvez ele não colocasse o "eu" do início.

       Tente começar escrevendo sobre coisas que você não gosta, por exemplo, "como escrever crônicas na sua semana de férias" ou algo parecido. Ou então pelo menos escreva sobre algo interessante, mas tente falar pelo menos sobre alguma coisa que você não gosta no meio do texto. Por exemplo, se Arnaldo Jabor algum dia vir a escrever uma crônica (se é que já não escreveu) sobre o dia das mães, com certeza em algum momento ele vai dizer que Lula não tem mãe.

       Lembre-se de ser autêntico e verdadeiro, assim como Luis Fernando Veríssimo, que depois de eu ter lido várias crônicas dele, já me sinto tão íntimo que, se algum dia eu cruzar com ele por aí, vou me sentir completamente à vontade para lhe pedir dinheiro emprestado, na certeza de não ter que pagar.

       Sendo assim, escrever crônicas não é algo fácil, mas eu tenho que concordar que pelo menos é algo divertido, na maioria das vezes. Tenha certeza que qualquer idiota pode fazê-lo, não precisa ser nenhum idiota de algum tipo especial, isso pode ser notado pelo autor que assina essa crônica. Tente escrever uma e me mande, mas não assine, por favor.