Personalidades Culturais IV: Assis Chateaubriand
A sessão cultura deste mês trás um importante empresário e comunicador paraibano.

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, mais conhecido por Assis Chateaubriand ou por Chatô, foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e 50. Nascido na cidade de Umbuzeiro na divisa da Paraíba com Pernambuco, no ano de 1892.

Filho de Francisco Chateaubriand Bandeira de Melo freqüentou no Recife o Ginásio Pernambucano e, aos 15 anos, entrou para a Faculdade de Direito da capital pernambucana, da qual se tornaria um dos professores, mediante concurso para a cadeira de Filosofia do Direito, no qual conquistou o 1º lugar.

A estréia no jornalismo aconteceu aos quinze anos, na Gazeta do Norte. A partir daí, Chateaubriand dedicou-se ao jornalismo, escrevendo no Jornal Pequeno e no veterano Diário de Pernambuco. Em 1917, já no Rio de Janeiro, colaborou no Correio da Manhã, em cujas páginas publicaria impressões da viagem à Europa, em 1920.

Em 1924, assumiu a direção d’O Jornal, e no mesmo ano já conseguiria comprá-lo graças a recursos financeiros fornecidos por alguns barões-do-café liderados por Carlos Leôncio (Nhonho) Magalhães e por Percival Farquhar. Iniciava-se ali, um grande império jornalístico, substituindo o conteúdo sonolento por reportagens instigantes que deram certo. Foi agregando outros importantes jornais, como o Diário de Pernambuco, o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro e o Diário da Noite da cidade de São Paulo. Nessa altura, já tinha o jornal líder de mercado na maioria das capitais brasileiras.

A ascensão jornalística de Chatô deve ser analisada em paralelo com as mudanças políticas das décadas de 1920 e 1930, quando a política do café-com-leite começou a ser contestada pela elite burguesa emergente. A frente do partido Aliança Liberal, apoiou o movimento revolucionário de 30 que levou Getúlio Vargas ao cargo de presidente do país, que o levaria para o exílio.

Com seu jeito particular de conseguir espaço nas mídias, Chateaubriand possuía muitos desafetos. Um deles era o industrial Francisco Matarazzo que ameaçou: "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta”. Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo”.

Com a morte de Getúlio Vargas, em 1954, candidatara-se à vaga deixada pelo ex-presidente na Academia Brasileira de Letras. Ocupou a cadeira 37 até o ano de 1968, sendo sucedido por João Cabral de Melo Neto.

Dotado de uma visão empreendedora, sempre estava adquirindo novas tecnologias para os Diários Associados. Foi o caso da Máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa que se tinha notícia, e cujo grupo de Chateaubriand foi o 1º e único a possuir por um longo tempo.

Com o tempo Chateaubriand foi dando menos importância aos jornais e focando em novas empreitadas, como o rádio e a televisão. Na década de 60, os jornais atolavam-se em dívidas e trocavam as grandes reportagens por matérias pagas. E assim, o maior império das telecomunicações ruiu e se afundou em dívidas.

A única obra que ficou para a posteridade foi o Museu de Arte de São Paulo(MASP). O Museu possui uma coleção particular de pinturas de grandes mestres europeus que ele havia adquirido a preços de ocasião na Europa empobrecida do Pós-Segunda Guerra Mundial

Em agosto de 1967, Assis Chateaubriand entregou ao Reitor da Fundação Universidade Regional do Nordeste (hoje UEPB), o primeiro acervo do Museu Regional de Campina Grande, localizado nesta cidade. O acervo foi chamado de Coleção Assis Chateaubriand e possuía 120 peças. A partir daí, o museu passou a ser chamado de Museu de Artes Assis Chateaubriand

Em 1968, na cidade de São Paulo, morria Chateaubriand, velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Velázquez e um nu de Renoir, simbolizando, as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Morreu também com o império se esfacelando e com o surgimento do reinado de Roberto Marinho.

Por Saulo Henrique L. de Medeiros
(sauloh@dsc.ufcg.edu.br)