Pernambuco: um espetáculo de brasilidade a cada Carnaval


A cada Carnaval o estado de Pernambuco se transforma em cores e alegria, sediando uma das maiores manifestações populares do País.

  
   Lirinha(Cordel do Fogo Encantado)

         É em Pernambuco que o carnaval toma cores de povo, de nossa brasilidade. A manifestação popular que caracteriza o carnaval toma conta do estado que vai da sua capital ao sertão. No Recife, o carnaval multicultural renova as cores da cidade e se ouve batuques nos quatro cantos da cidade. Em Olinda, a irreverência e descontração de seus foliões é a marca registrada. Nazaré da mata, que fica na zona da mata proporciona encontro de maracatus e caboclinhos. Em Bezerros, no agreste do estado, divulga a tradição dos papangus. Arcoverde, porta do sertão, resgata as "folias de bois". E assim, o carnaval invade todo o estado.

     Recife, a capital do frevo, abre suas portas para a magia do carnaval durante o desfile do galo da madrugada o qual foi considerado o maior bloco carnavalesco do mundo. O bloco reúne mais 1 milhão de pessoas ao som de mais 30 trios elétricos.E nos três dias que restam, existem polós espalhados por toda a cidade com a diversidade da cutura brasileira.

 Em Olinda, as ruas ficam repletas de foliões de todas as idades, raças e classes sociais, para brincar o carnaval ao som de troças de frevo, maracatu, caboclinhos e muita irreverência. Em Nazaré da Mata, a 60 km da capital localizada na zona da Mata, a segunda-feira de carnaval é reservada para o encontro de maracatus, proporcionando muita magia e acima de tudo orgulho das nossas raízes culturais. No restante do estado, a cultura popular toma espaço no centro do espetáculo de brasilidade manisfestado durante o carnaval.

    

Reconhecer os valores culturais é reconhecer a identidade da nossa nação e orgulhar-se da simplicidade do nosso povo. O nordeste representa tudo isso e Pernambuco pode ser considerado como uma bandeira da revalorização da cultura popular com seus extraórdinários artistas: Antônio de Nóbrega, Chico Science, Mestre Ambrósio, Cordel do Fogo Encantado, João cabral de Melo Neto e muitos outros. E nesse caldeirão de grandes artistas o carnaval de Pernambuco ferve até as cinzas da quarta-feira.

Alguns ritmos do carnaval de Pernambuco:
Frevo
Surgiu da combinação e da fusão de vários RITMOS como maxixe, o tango brasileiro, a quadrilha, o galope e, mais particularmente, o dobrado e a polca-marcha. O termo frevo é uma derivação do verbo ferver como apontam todos os pesquisadores da história desta manifestação.
Maracatu
No Recife a denominação maracatu servia para denominar um ajuntamento de negros. Os cortejos das nações em homenagem aos Reis do Congo passaram a acontecer no carnaval, e eram chamados de maracatus quando era dada uma conotação pejorativa.São figuras do maracatu nação rei, rainha, dama-de-honra da rainha, dama-de-honra do rei, príncipe, princesa, dama-de-honra do ministro, ministro, dama-de-honra do embaixador, embaixador, duque, duquesa, conde, condessa, quatro vassalos, quatro vassalas, três calungas (Dom Luiz, Dona Leopoldina, Dona Emília), três damas-do-paço (responsáveis pelas calungas durante o desfile), porta-estandarte, escravo, figuras do tigre e do elefante, guarda coroa, corneteiro, baliza, secretário, lanceiros (treze meninos), brasabundo, batuqueiros (quinze músicos), vinte caboclos, vinte baianas.
Samba
O Samba tem por base a batucada, que permite ao passista "dizer o samba no pé", demonstrando, além de graça e sensualidade, também harmonia com o bum-bum-praticumbum da bateria. Mas o samba não pára por aí, nem vive só de "escola" e batuque.
Afoxé
Trata-se de mais um ritmo afro presente na cultura local. De origem iorubá, a palavra afoxé poderia ser traduzida como ‘a fala que faz’. Três instrumentos básicos fazem parte desta manifestação. O afoxé (ou agbê), cabaça coberta por uma rede formada de sementes ou contas, é percutido agitando-se a rede, que fricciona no corpo da cabaça. Os atabaques, basicamente de três tipos, com três tamanhos diferentes que em conjunto traduzem o som do ijexá, tocado no afoxé atualmente. O agogô, formado por duas campânulas de metal, com sonoridades diferentes, é quem dita o ritmo aos demais instrumentos.
Caboclinhos
São algumas características essenciais do Caboclinho: a dança guerreira, o cunho religioso propiciatório de boa colheita ou caçada, a recitação de versos heróico-nativistas etc.
Ciranda
A ciranda é uma dança típica das praias, mais precisamente daquelas situadas ao norte de Pernambuco. Porém, sua origem não se restringe ao litoral. Verificou-se que seu surgimento ocorreu, simultaneamente, tanto na zona litorânea quanto em certas áreas, mais interioranas, da Zona da Mata Norte.
Forró
Forrobodó, forrobodança, fobó. Desde o século passado, já era documentado pela imprensa nestes termos que designavam o local onde aconteciam os bailes populares, as festas do povão, e que anos mais tarde, por convenção, passaram a ser chamados de forró. Eis aqui a provável origem da palavra que indica o lugar onde acontece a diversão.
Manguebit
Surgido como um movimento para tirar a cidade do marasmo cultural do começo dos anos 90, o Manguebit busca dar uma estética pop à cultura popular tradicional, sem deixar de lado novas manifestações surgidas em uma metrópole periférica. Foi considerado por muitos a manifestação musical mais importante da década de noventa e teve como representantes centrais Chico Science & Nação Zumbi e mundo livre s/a.

Veja também: Resquícios da origem do carnaval são preservados até hoje, incluindo as brincadeiras de sujar as pessoas nas ruas.

 

Por Giselle Regina (ex-bolsista)