Casamento Gay
Uma discussão polêmica que volta neste momento. Cabe a todos nós refletirmos um pouco sobre isso.

       Uma polêmica bate novamente a nossa porta, casamento gay. Quando falamos em casamento gay, não é casamento religioso, é o casamento civil que determina direitos e deveres entre duas pessoas que passam a compartilhar uma vida juntas. Acho que essa consideração é muito importante antes de começarmos a discutir esse assunto.

       Por que essa questão é importante? Vamos ver os argumentos de quem é contra essa união. Geralmente são argumentos religiosos, que explicam que matrimônio é somente entre homem e mulher, que existe os fins de procriação e tudo mais. Sobre procriação há algo interessante a se pensar, pois, caso a pessoa não possa ter filhos, como fica essa parte? Não pode casar?

       Bom, mas deixemos isso de lado. Voltemos ao casamento gay. Acho que ninguém está querendo que as religiões aceitem entradas na igreja de um casal homossexual. O maior problema que vejo da igreja é o nome que está sendo dado a essa união. Se fosse um contrato de direitos e deveres entre pessoas quaisquer, eles não iriam se opor. Mas como é a palavra “casamento”, toda essa reclamação existe, tendo a igreja que admitir que a união de duas pessoas, a fim de construir uma vida a dois, é um casamento.

    
       Alguns países, como a Holanda e a Bélgica, já permitem esta união perante a lei e permitem também a adoção de crianças por esses casais. Este é outro assunto muito polêmico que terei que deixar de lado para continuarmos nossa discussão inicial. Mas só lembrando que as legislações sobre esse assunto estão avançando em todo o mundo.

       Mas voltando ao assunto, aí pensamos, por que um casamento é tão importante? Por que não somente se “juntar” e pronto? Muitos argumentam que questões legais podem ser resolvidas com declarações e testamentos, no caso de herança, por exemplo. Mas as coisas não são tão simples, vamos pensar um pouco.

       Herança é uma coisa que muda, quando você adquire um imóvel novo, tem que mudar o seu testamento. Em caso de separação, testamento não adianta, e nesse momento ninguém está querendo ser amigável ao dividir seus bens, então, como fica a divisão de algo que os dois construíram juntos, mas está no nome de um só? Este é um problema de amparo legal para qualquer casal. Pensando nisso, é chato também, você ser uma pessoa nova, mas ter que ficar pensando em acidentes que tirem sua vida e se preocupar em deixar documentado tudo, só porque a justiça não cobre isso pra você.

       Outro problema grande é que em caso de doença, pessoas em UTI, por exemplo, só podem receber visita de familiares, e esses são, pais, irmãos, filhos e cônjuges. Com isso, muitos casais gays não podem visitar seus parceiros por não serem considerados “família”. Isso vale também para decisões médicas, como assinar liberação para cirurgias, ou doações, ou mesmo transplantes. Nesses casos, muitas vezes a família já se distanciou do filho gay, passou anos sem nenhum contato e só ela pode decidir por ele, mesmo tendo renegado esse filho. Muitas vezes, é com o parceiro que ele divide a decisão de doar ou não órgãos, ou de ser ressuscitado ou não, em caso de doenças terminais, mas esse parceiro não pode expressar sua vontade, por não ser considerado nenhum laço entre eles.


       Pensando dessa forma, vemos que não é uma questão de afronta a “moral e aos bons costumes”, mas sim, uma questão de direitos básicos de qualquer ser humano de poder escolher com quem dividir a vida, os bens e outras decisões. E um direito não deve ser negado a ninguém, isto seria preconceito.

       Então devemos parar um pouco pra pensar se essa proibição é correta. Ninguém vai ter prejuízos caso esta lei seja liberada. Será que não é egoísmo nosso, proibir algo que só irá beneficiar os que irão usufruir dessa lei, somente por questões culturais? A forma como enxergamos a sociedade e como queremos que ela se comporte? Será que é justo barrar algo tão importante para algumas pessoas e que, em nenhum momento, estão querendo mexer nas crenças religiosas de cada um (só lembrando, o casamento não é no religioso), e sim, estão querendo apenas seus direitos civis?

       Devemos refletir muito antes de tomar algum partido. Não siga ondas, pensamentos de maioria, pense no próximo, pense em si, e deseje ao próximo o que gostaria para si mesmo. Acho que “direitos” é algo que desejamos a nós mesmos. Que tal desejarmos ao próximo? Forme sua própria opinião, PENSE.

Por Renata França de Pontes