Entrevistamos Diego Kazadi, o intercambista africano que está cursando Ciência da Computação – UFCG por meio do programa PEC-G.
Por Natasha Bezerra
(natashabs@gmail.com)
Diego Kazadi, aluno intercambista congolês, do 2º período, nos concede uma entrevista e fala um pouco sobre seu país, cultura e adaptação no Curso e no Brasil.
Foto: Diego Kazadi Kalunda.

Grupo PET – Olá Diego, primeiramente fale um pouco sobre você ...

Diego Kazadi – Meu nome é Diego Kazadi Kalunda, tenho 25 anos, sou africano, nacionalidade Congolesa natural de Kinshasa.

Grupo PET – Qual(is) o(s) idioma(s) oficial(ais) do seu país?

Diego Kazadi – A língua francesa é a oficial da escola, do trabalho ... Além do francês, temos mais 5 dialetos nacionais oficiais: quissuaíle (kiswahili ou swahili), quiluba, quicongo (kikongo), lingala, (Kingwana - um dialeto do quissuaile) e tshiluba. Entre outros quase 200 reconhecidos, mas não oficiais.

Na minha região, a província Kasaï-oriental, o dialeto é o Tshiluba. Nós falamos esse dialeto com as pessoas da mesma província e com os familiares. Com os demais, falamos misturado francês e lingala Lingala.

Província de Kasaï Oriental.

Grupo PET - Como surgiu o interesse em estudar no Brasil?

Diego Kazadi – Sempre tive o sonho de estudar fora. Em 2009, fui informado pelos meus amigos, que atualmente moram na Angola, que na Embaixada do Brasil no Congo tem um programa chamado PEC-G. Em maio de 2009, me candidatei e fui aprovado em novembro do mesmo ano.

Grupo PET - Como surgiu o interesse em estudar Ciência da Computação e em Campina Grande?

Diego Kazadi – Para escolher o curso temos 2 opções. Minha primeira opção foi Informática e a segunda foi Música. Na primeira opção, tinha vaga disponível.

Quando somos aprovados, lá na Embaixada, preenchemos os formulários e marcamos 2 opções para cidades que desejamos estudar. Eu não escolhi Campina Grande, pois não a conhecia. Optei por São Paulo e Niterói. Tem uma terceira, caso as 2 opções não sejam possíveis, quem escolhe é o PEC-G. E a escolhida pelo Programa foi Campina Grande na Paraíba.

Grupo PET - Quando você chegou ao Brasil?

Diego Kazadi – Cheguei ao Brasil no dia 28 de fevereiro de 2010, em São Paulo, juntamente com outros 71 estudantes do Congo. Em João Pessoa, no dia 01 de março de 2010, juntamente com outros 7 estudantes, onde fiquei até o dia 21 de janeiro de 2011, quando apenas eu mudei para Campina Grande para cursar Ciência da Computação na UFCG.

Os demais foram para Fortaleza, Maceió, Natal, Recife e Teresina.

Grupo PET - Como você aprendeu português?

Diego Kazadi – Após o PEC-G determinar a divisão dos estudantes para seus respectivos estados, reúnem todos em um mesmo centro para o estudo da língua portuguesa. No Nordeste, existem 2 centros de estudo da língua portuguesa, um em João Pessoa - PB e outro em Recife - PE.

Vieram para a Paraíba, 8 estudantes congolês e ficamos por 6 meses estudando português na UFPB. Após esse período, cada estudante foi para a sua respectiva cidade/estado.

Grupo PET - Você recebe alguma ajuda financeira do Convênio PEC-G?

Diego Kazadi – Não recebemos nenhuma ajuda financeira.

Grupo PET - O que você está achando do Brasil?

Diego Kazadi – Nunca imaginei morar no Brasil, especificamente. Mas, como o destino me trouxe até aqui ... É um país maravilhoso, muitas paisagens naturais belíssimas.

Grupo PET - Quais lugares no Brasil você já visitou?

Diego Kazadi – Em João Pessoa, visitamos várias praias como a praia Tambaú, praia do Sol, Tambaba, Cabo Branco, entre outras ... E Campina Grande.

Grupo PET - Qual a sua religião?

Diego Kazadi – Sou evangélico da igreja ECUC (Igreja de Cristo Unido do Congo).

Grupo PET - Qual está sendo a maior dificuldade no Brasil?

Diego Kazadi – Primeiramente, a língua portuguesa. Cheguei ao Brasil sem saber nenhuma palavra em português.

O choque cultural em relação a namoro, jeito de vestir, entre outros.

No Congo, por exemplo, não podemos beijar em público. Nos chocamos desde o aeroporto ao ver as pessoas se beijando em público (rs). Além disso, no Congo, primos são como irmãos de sangue. Não pode ter nenhum relacionamento amoroso. Quando acontece isso, os envolvidos são “amaldiçoados”.

Meninas não usam roupas curtas em lugares públicos. Aqui isso é bem comum (rs).

Além da dificuldade financeira da vivência diária. Visto que toda despesa é paga pela família que está no Congo. A taxa de câmbio, atualmente, oscila entre os 920 CDF (franco congolês) e 1000 CDF (franco congolês) por 1 dólar. O salário mínimo do Congo é US$ 60,00 dólares, menos de R$ 120,00.

Grupo PET - O que você está achando do Curso de Ciência da Computação da UFCG?

Diego Kazadi – É bom, mas, é muito pesado. Estou me adaptando ao ritmo do curso. Se eu conseguir me formar aqui, voltarei ao Congo, conseguirei um bom emprego e poderei ajudar minha família.

Grupo PET – Diego, muito obrigada pela entrevista.

Diego Kazadi – Por nada.

Jornal PETNews - Edição: Caio Paes - Revisão: Janderson Jason e Joseana Fechine
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