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Banho frio contra a febre! É gripe? Não tome nada gelado! |
Verdades da medicina que todo mundo deveria saber! |
Quem já deixou passar aquela vontade de tomar um sorvete, por causa da dor de garganta? Ou bebeu muitos copos de água no decorrer do dia, porque dizem que o corpo precisa de um mínimo de oito copos diários? Ou escutou alguém avisar que comer muito à noite engorda mais rápido? A mania do brasileiro de automedicação e de tomar como verdade absoluta um caso ou outro supracitado resultou na formação de várias crendices que, até os dias atuais, ainda são tidas como verdade, até pelos médicos! ![]() Leite para curar a azia?
Devido às contradições resultantes do tema, vários estudiosos dedicaram-se a estudar e a revelar verdades da medicina. No livro Medical Myths that Can Kill You: And the 101 Truths that Will Save, Extend and Improve Your Life ("Mitos Médicos que Podem Matar você e 101 Verdades que Vão Salvar, Estender e Melhorar sua Vida"), de autoria da médica norte-americana Nancy Snyderman, vários casos são analisados e é verificada a existência (ou não) de embasamentos científicos que os comprovem. Mas "às vezes, até os médicos se enganam", afirmam os pesquisadores ingleses Aaron Carroll e Rachel Vreeman, autores de um famoso artigo do British Medical Journal, o qual esclarece diversos mitos. No artigo, é descrito que muitos médicos admitem que se torna necessária a atualização dos seus conhecimentos, mas se acomodam e tomam como verdades as crenças populares. Alguns dos mitos mais famosos podem servir como desculpa para as mentes preguiçosas, que não gostam de ler: "ler com pouca luz causa" ou "ler muito" faz mal a vista, ou até mesmo o cômico "ler no carro ou no ônibus causa deslocamento da retina". Falácias! Ler faz bem (ao intelecto e à alma) em qualquer momento e lugar, contanto que haja disposição. O máximo que pode ocorrer, caso a leitura se estenda por longos períodos de tempo, é o cansaço visual. No caso da pouca luz, o esforço requerido é maior, resultando, além do cansaço, no ressecamento das córneas. Mas, em nenhum caso o efeito se dá em longo prazo, nada que boas horas de sono não resolvam. E o tão sugerido copo de água com açúcar para "acalmar os ânimos"? Não, essa prática "solução" não possui nenhum efeito calmante. A glicose e a frutose geradas pelo metabolismo do açúcar são ótimas fontes de energia para o organismo, mas um simples copo de água, suco ou, até mesmo, refrigerante, possuem o mesmo efeito. Da mesma forma, mães e avós vêm sempre a mente quando alguém pensa em tomar um belo milkshake estando gripado ou com dor de garganta. Felizmente, este é mais um mito popular. Na verdade, às vezes ingerir algo gelado traz mais benefícios do que algo quente. Fica só o alerta para a gripe causada por alergia: a ingestão de alimentos gelados pode causar uma maior dilatação dos vasos dos sinus (cavidades presentes na face, associadas à sinusite), tendo como efeito colateral a dor de cabeça. ![]() Ler com pouca luz pode, sim,
fazer mal a visão, a curto prazo. Mais um grande mito é a cura da azia pelo milagroso leite! Pode até dar certo de uma forma imediata, mas, após a sua digestão, o organismo perceberá que está sendo enganado e a azia voltará ainda pior. Além disso, é importante saber que um bom banho para aqueles que apresentam febre é bem vindo e necessário para o resfriamento do corpo, mas pedras de gelo e temperaturas muito baixas no combate à febre não é o melhor caminho, podendo causar choque térmico. Para os que vivem de olho na balança, vale lembrar que não importa se há sol ou lua lá fora, quem ingere mais calorias do que queima, inevitavelmente engordará. E, finalmente, aos defensores de que todo produto natural faz bem, cuidado! Nem sempre produtos extraídos da natureza são livres de riscos e efeitos colaterais, o tabaco é um excelente exemplo de como algo tão natural pode matar aos poucos. Enfim, com a internet, revistas, televisão e tantos outros meios, boas fontes de informações estão absurdamente acessíveis a cada dia. No entanto, é triste ver que, embora a medicina tenha andado em passos largos, em pleno século XXI, boa parte da população vive de mitos. |
Por Danielle Chaves (danielle@dsc.ufcg.edu.br) |