Caso Von Richthofen é um verdadeiro "espetáculo"

“Respeitável público, hoje tem marmelada?"

          
       
Iniciado no último dia 17, o caso Von Richthofen pode ser classificado como um verdadeiro show de horrores. Mas apesar das performances inacreditáveis por parte das defesas, dos irmãos Cravinhos e de Suzane Von Richthofen, a sentença foi a esperada.
Durante os quatro dias de julgamento as defesas trocaram acusações, tentando assim inocentar seus respectivos clientes. No primeiro "ato" os irmãos Cravinhos tentaram inocentar Cristian Cravinhos, alegando que o réu não teria matado Marísia, e sim Daniel teria golpeado o pai e após matá-lo, teria atacado a mãe.

        Porém o depoimento da delegada da Polícia Civil Cíntia Tucunduva Gomes e da perita criminal Jane Belucci, desacreditaram da versão dos Cravinhos. Elas disseram que, de acordo com os laudos periciais, seria impossível que Marísia continuasse dormindo, sem reagir, após Manfred ter sido golpeado.
No segundo "ato" Daniel Cravinhos afirmou que a relação de Suzane com os pais, Manfred e Marísia, era conflituosa, que a jovem teria sofrido abuso sexual por parte de Manfred e que Marísia havia jogado um tamanco na cabeça da filha por causa de um sorvete. Suzane, no entanto, declarou que vivia com uma família normal e bem estruturada e fez questão de ressaltar que teve uma educação exemplar. Ela negou que tivesse sofrido abusos por parte do pai e disse que a história "não passa de uma grande mentira inventada por Daniel e o irmão", Cristian Cravinhos.
       O irmão de Suzane também negou tal afirmação, em seu depoimento Andreas, ao contrário do que disse Daniel Cravinhos, falou que não ocorriam agressões e abusos contra os filhos por parte de Manfred von Richthofen. "Meu pai nunca me abusou sexualmente. Também não tentou tocar nas partes íntimas da minha irmã. Meu pai é um homem mais digno que muitos aqui", disse o garoto.
Andreas também fez várias críticas à irmã. Ele negou que tenha escrito um bilhete perdoando a irmã e disse que Suzane nunca abdicou de sua parte da herança. "O inventário está tendo muitos percalços já que a minha irmã não deixa ir para frente. São recursos e mais recursos e não sai do lugar".
        E após inúmeros depoimentos contraditórios, emocionados e teatrais, enfim o desfecho, Suzane Von Richthofen e Daniel Cravinhos foram condenados, no início da madrugada do dia 22/07/2006, pela morte dos pais dela, casal Manfred e Marísia. Pela sentença do juiz Alberto Anderson Filho, Suzane e Daniel Cravinhos vão cumprir 39 anos de prisão em regime fechado pelos dois homicídios e seis meses em semi-aberto por fraude processual (eles tentaram forjar um latrocínio). Christian Cravinhos pegou 38 anos em regime fechado e seis meses no semi-aberto.

         Enfim, já que nem os irmãos Cravinhos nem Suzane Richthofen são parlamentares, "infelizmente" não tivemos a tão esperada marmelada, embora o advogado Mauro Octávio Nacif, advogado de Suzane pareça ter tomado algumas aulas com o ex-deputado Roberto Jefferson, não deixando assim o espetáculo a desejar. Em contrapartida, outra semelhança "salta aos olhos": a história do "nêgo" que supostamente influenciou os irmãos Cravinhos, nos faz lembrar de outro episódio lendário da "mitologia" brasileira, os "Anões do orçamento".

Por Ighor Barros