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COBOL sendo usada em pleno século XXI?
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Será que uma linguagem tão antiga como COBOL ainda tem alguma utilidade no mercado atual? Descubra a curiosa resposta para essa pergunta. |
COBOL, acrônimo de COmmon Business-Oriented Language (Linguagem orientada a negócios), é uma das mais antigas linguagens de programação, tendo sua especificação inicial sido criada em 1959 por Grace Hopper, cientista pioneira na área da Ciência da Computação. ![]()
Implementação do clássico programa Hello World em COBOL.
Muitos imaginam que essa linguagem já foi completamente esquecida, devido a sua idade e ao fato de que escutam falar muito pouco ou nada sobre ela, porém, existem evidências que provam justamente o contrário. Estão disponíveis na Internet, vários sites que publicam regularmente relatórios sobre a popularidade das linguagens de programação, baseando-se em diversos métodos como: quantidade de material disponível na Internet sobre cada, número de projetos que a utilizam, quantidade de tópicos em comunidades (fóruns e chats) discutindo-a, etc [1] [2] [3]. Um dos sites mais conhecidos sobre o assunto é o TIOBE Programming Community Index (Índice da Comunidade de Programação TIOBE) mostrado a seguir, que é atualizado mensalmente. ![]()
Índice de popularidade das principais linguagens de programação em abril de 2010. Criado pela empresa TIOBE.
Podemos observar, a partir da tabela, as 20 linguagens mais usadas nos dias de hoje e examinar tendências como, por exemplo, qual linguagem está subindo na classificação e qual está deixando de ser utilizada. Pode-se notar ainda, a existência de várias linguagens que, apesar de serem bastante utilizadas, não são muito divulgadas, como SAS e ABAP. A linguagem COBOL encontra-se no 29º lugar, sendo incluída apenas na lista de outras linguagens, apresentada a seguir. ![]()
Parte do índice de popularidade das linguagens de programação não tão utilizadas em abril de 2010. Criado por TIOBE.
Outros índices de popularidade existentes na Internet também apresentam valores muito baixos para a linguagem COBOL e, assim, somos levados a pensar que apenas um seleto número de empresas no mercado ainda usa essa linguagem e que seu aprendizado é uma perda de tempo. Porém, a mídia, recentemente, tem publicado vários artigos que mostram justamente o contrário. Existem milhões de linhas de código COBOL, criadas durante as três décadas em que a linguagem esteve em alta, sendo utilizadas diariamente por grandes empresas para processar a parte principal de suas lógicas de negócios. Também tem sido observado que várias dessas empresas utilizam linguagens modernas apenas como ponte entre as tecnologias novas e esses programas legados [1] [2] [3]. Estima-se que existam de 1.500 a 2.500 aplicações desenvolvidas em COBOL em cada uma das empresas listadas na Fortune 1000, uma lista das 1000 maiores empresas americanas [3]. Embora, a manutenção e atualização desses programas sejam atividades indispensáveis a essas empresas, o número de programadores COBOL está diminuindo gradativamente. Isto porque os recém ingressos na área da Ciência da Computação preferem linguagens modernas como Java, Python e C++ à COBOL e a maioria dos programadores atuais dessa linguagem estão para se aposentar. Então, tal escassez termina por gerar uma lacuna no mercado, que faz com que os salários e a demanda para programadores COBOL disparem [4]. Uma parte dessas empresas quer converter o mais breve possível todo seu código para linguagens mais modernas e essa transição requer profissionais capacitados tanto em COBOL como em sistemas modernos, o que provavelmente garantirá esses empregos por um tempo considerável. No vídeo a seguir, é previsto que COBOL continuará tão importante no futuro como já foi e ainda é, devido a sua ampla difusão e às diversas ferramentas existentes para integrá-la com tecnologias modernas, a exemplo da plataforma . NET.
Vídeo descrevendo como se encontra o COBOL após 50 anos de sua criação.
Finalmente, considerando a alta remuneração e a oferta de empregos para os profissionais com conhecimento em COBOL, um estudo dessa antiga linguagem parece ser interessante para os que se identificam com as atividades de migração e manutenção de sistemas legados. |
Por Victor Freire (victor@dsc.ufcg.edu.br) |